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Moradores do Porto Judeu ainda temem novas enxurradas

Os moradores do Porto Judeu, na ilha Terceira, ainda não esqueceram as enxurradas que assolaram há um ano a freguesia, mas têm esperança de que as obras nas ribeiras evitem situações semelhantes no futuro.

Moradores do Porto Judeu ainda temem novas enxurradas
Notícias ao Minuto

17:46 - 13/03/14 por Lusa

País Terceira

Na madrugada de 14 de março de 2013, duas ribeiras transbordaram no centro da freguesia do Porto Judeu, deixando a população isolada por algumas horas e destruindo habitações, carros e estradas.

Cinco casas ficaram inabitadas, incluindo a de Paulo Gomes, que ao contrário dos restantes moradores ainda não conseguiu regressar a casa.

Viveu durante alguns meses em casa dos pais, agora está em casa dos sogros e as obras vão decorrendo devagar para evitar um empréstimo na banca, depois de um longo processo com a seguradora.

Garante que não faltou apoio da Casa do Povo e da Direção Regional da Habitação, mas já que o destino o forçou a fazer obras, aproveitou para fazer alguns melhoramentos numa casa que já tinha alguns anos.

"Tínhamos uma casa que nova ou velha era o nosso cantinho e de um momento para o outro desmorona tudo", salientou, em declarações à Lusa.

A casa ficou inabitada, porque as paredes eram ainda de pedra e como não tinha pilares, houve uma zona que cedeu e o teto teve de ser construído de novo.

Com a ajuda de familiares, Paulo vai fazendo de tudo, para reduzir os custos da obra, mas reconhece que se sentiu desorientado, quando se viu de um momento para o outro sem teto e sem meios financeiros para começar tudo de novo.

"A gente sente-se tipo pássaro que se apanha fora da gaiola e não sabe para onde voar", explicou.

Na noite do dia 13, estava numa estação de radioamadores perto de casa quando, por volta das 22:00, ouviu "um barulho estranho", a água da ribeira tinha transbordado e arrastava pedras.

Recordou de imediato o transbordo que tinha ocorrido há menos de um ano, mas "ninguém calculava" a dimensão dos estragos que as enxurradas provocariam desta vez.

Avisou os vizinhos, ajudou a deslocar pedras quando a situação se complicou e manteve-se pela estação de radioamadores, para o caso das comunicações falharem, mas sempre sem imaginar que a sua casa poderia estar em risco.

Como a água oferecia perigo a algumas habituações, as autoridades criaram barreiras no largo da freguesia e a água desviou-se para a rua onde Paulo Gomes reside.

Por volta das 4:00 da madrugada, a mulher e os filhos foram retirados de casa, salvando os bens que conseguiam, e quando, duas horas mais tarde, Paulo conseguiu voltar lá, pelas traseiras, longe do olhar das autoridades, já a altura da água tinha dois palmos.

Perdeu móveis, portas, computadores e eletrodomésticos, mas naquela hora a principal preocupação da mulher foi salvar os bens sentimentais.

"A primeira coisa que ela tirou foi todos os trabalhos das crianças, do Dia do Pai, do Dia da Mãe, aquelas lembranças que eram nossas e que não faz com que o tempo volte. Uma máquina de lavar custa algum dinheiro, mas é simplesmente uma máquina de lavar", explicou.

Já se passou um ano, mas quando chove a família ainda receia que o centro da freguesia se volte a inundar.

"Claro que quando chove nós pensamos se volta, mas também olhamos e vemos todo o trabalho que está a ser feito pela linha de água", salientou.

Segundo Paulo Gomes, as ribeiras que transbordaram tinham sido alvo de uma ação de limpeza há pouco tempo, mas faltou "fiscalização das autoridades na construção de obras junto das linhas de água".

"A linha de água não pertence ao António, ao Manuel ou ao Joaquim, pertence à natureza e nós temos de respeitar a natureza", frisou.

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