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Associação acusa empresa de "crime ambiental" em albufeira de Almodôvar

Uma associação acusa uma empresa de "crime ambiental" por alegadamente captar de forma "desregrada" água para rega de uma albufeira pública de Almodôvar, podendo levar à morte de milhares de peixes, o que a empresa diz ser falso.

Associação acusa empresa de "crime ambiental" em albufeira de Almodôvar
Notícias ao Minuto

15:11 - 24/08/21 por Lusa

País Albufeiras

Em comunicado, a Associação Portuguesa de Carp Fishing (APCF), que tem a concessão da Zona de Pesca Lúdica da albufeira da barragem da Boavista, naquele concelho alentejano do distrito de Beja, denuncia o que considera "um crime ambiental" que atribui à Herdade dos Toucinhos.

A APCF acusa a empresa de fazer, "ano após ano", "um uso irresponsável, criminoso e completamente inconsequente do ponto de vista ambiental e da preservação dos ecossistemas" da água da albufeira, como se fosse sua e para "uso exclusivo".

Por isso, denuncia, o nível de água da albufeira "está criminosamente baixo, resultante da captação desenfreada e desregrada de água para regadio por parte da Herdade dos Toucinhos".

As consequências "serão de uma gravidade tal que resultará na morte, premeditada e inconsciente, de milhares de peixes" na albufeira, frisa, alertando que se está "a dias deste desfecho caso nada seja feito" e sublinhando que alguns destes peixes são "os maiores exemplares em Portugal" da espécie carpa.

É daí que advém, acrescenta, a referência à albufeira como "meca do carpfishing (pesca de carpa) português".

Confrontado pela Lusa com a acusação e a denúncia da APCF, o diretor-geral da empresa agroindustrial Herdade dos Toucinhos, Nuno Rodrigues, disse que "é completamente falso que há um crime ambiental", porque "a albufeira está acima do nível ecológico, não há peixes a morrer e não vão morrer peixes na barragem da Boavista".

"Crime ambiental seria se estivéssemos a usar [água] com a albufeira abaixo do nível ecológico, [mas] está a ser cumprido", afirmou, referindo que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) sabe qual é o atual nível da água.

O nível ecológico da albufeira da Boavista "é na cota 302" e, atualmente, o nível da água "está na cota 304", precisou Nuno Rodrigues, referindo que "não se irá chegar" ao nível ecológico, porque a empresa vai monitorizando.

A empresa, a concessionária da exploração da água da albufeira para rega, tem um programa de monitorização e um plano de eficiência e uso da água "muito apertados" e "dá à APA cumprimento da lei e dos volumes que está a gastar", frisou o responsável.

"Temos tudo certo. Há um nível mínimo ecológico para garantir uma margem já muito grande de que as espécies que lá estão vivem e que está a ser controlado pela Herdade dos Toucinhos", disse o diretor-geral da empresa, que está em Almodôvar desde 2016, tem "82 hectares de vinha e 10 de plantas aromáticas", explora gado em regime extensivo e "emprega cerca de 30 pessoas".

Segundo a associação, "este ano, assustadoramente e apesar dos alertas", assiste-se "a um penoso caminho que levará à morte iminente dos milhares de peixes que vivem" na albufeira e "sem que as entidades competentes intervenham em conformidade com as suas competências, regulamentos e leis".

A APCF denuncia a "'normal convivência' da APA com este tipo de situações (e com esta em concreto)", o que considera "extremamente angustiante".

A APA, "sempre que alertada" para este caso, "respondeu dizendo que 'não entende as referências a níveis mínimos de exploração', uma vez que a captação de água é uso prioritário, deixando subentendido que qualquer impacto que isso possa ter na biodiversidade e nos ecossistemas não [é] assunto de interesse e/ou, sequer, [de] preocupação", indica a associação.

A associação "estranha" que a APA "nunca tenha considerado quotas mínimas" na captação de água na albufeira da Boavista, "uma vez que tal compromete a sua sustentabilidade".

A Lusa pediu uma reação à APA, mas ainda não obteve resposta.

Segundo a APCF, a albufeira da Boavista "caminha para o seu esvaziamento total", o que terá como "resultado imediato" a "total aniquilação da vida aquática ali existente" e a "exterminação de outras espécies que ali fizeram o seu habitat e que dela dependem".

A situação também "resultará na destruição de uma zona de lazer e pesca desportiva", onde apenas é praticada a modalidade pesca sem morte, que a APCF "promove e defende", e que é "procurada por muitos pescadores nacionais e estrangeiros", já que se trata "de uma das melhores barragens do país para esta prática".

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