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Filha escreve carta emocionante ao pai que desapareceu em 2013

Pai de Albertina Ramos nunca chegou a ser encontrado, depois de ter desaparecido numa aldeia de Vila de Rei, em 2013. De lá para cá, muita coisa na família e no mundo mudaram. "2.920 dias de ausência, mas presente para sempre", assinala a filha numa carta publicada no Facebook.

Filha escreve carta emocionante ao pai que desapareceu em 2013
Notícias ao Minuto

14:00 - 18/05/21 por Notícias ao Minuto

País Vila de Rei

Albertina Ramos usou o Facebook para escrever uma carta ao pai, Reinaldo Ramos, que desapareceu em 2013 sem deixar rasto, na aldeia do Milreu, em Vila de Rei. 

"Querido Pai. Outro 13 de Maio, o oitavo desde aquele de 2013 em que te perdeste no mundo. Sempre que desaparece alguém e é encontrado (por vezes em circunstâncias terríveis), eu pergunto-me porque tu nunca apareceste! Que fim terás tido para nem os teus ossos aparecerem... E essa dúvida persegue-me e dói-me todos os dias", escreve Albertina, manifestando saudades do pai. 

Reinaldo Ramos sofria de Alzheimer quando desapareceu, mas a doença não  atenuou o sofrimento da filha, ao contrário do que a própria pensou: "Pensei que por estares doente, o meu sofrimento iria ser menor, como se a morte fosse uma libertação para esses fantasmas que habitavam a tua cabeça naquela altura. Mas, não! Esta dor e esta lembrança tão viva de quando eras são não me abandonam!". 

Albertina conta de seguida como o mundo e o mundo de toda a gente mudou desde 2013. Primeiro, na própria família: "Às vezes penso que o deixaste na altura certa, pois conseguiste escapar a uma série de acontecimentos que te iriam tornar mais triste. Só assististe à morte do mano, e sei que foi o teu pior desgosto, mas entretanto já partiram dois dos teus irmãos, o meu marido e há um ano a mãe, teu amor durante mais de 50 anos". 

Depois, no resto do mundo com o surgimento do SARS-CoV-2. "O resto do mundo está feio, pai! No ano passado apareceu uma doença que nos mudou a vida... outra vez! As incertezas no futuro, o medo e as desilusões lembram-me a guerra que vivemos em 75... mas então eu tinha 15 anos e tu 35, pai... agora estamos ambos mais velhotes e com menos coragem para os desafios...". 

Mas mesmo em ano de pandemia, também houve alegrias: "O teu Sporting é campeão, pai...podes celebrar aí com o mano, que só daqui a outros 19 anos o farão!", escreve em tom de brincadeira.

Albertina faz ainda um retrato da sociedade, em que "alguns matam os filhos, outros querem matar os que matam... trata-se a vida humana sem respeito porque ninguém já sabe o que é isso!". A pobreza, a vários níveis, é outra das caraterísticas do retrato atual feito por esta filha.

"Há muitos pobres, pai! Pobres de pão e pobres de razão...Sei que sofrerias por saber o estado em que a tua África está, mas olha que por aqui também há muita miséria... há gente que é menos gente só porque tem outra cor ou outra religião ou outra orientação sexual...". 

Leia a carta na íntegra na publicação abaixo: 

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