Sindicato da UGT critica FMI por querer flexibilizar mercado de trabalho
O dirigente da UGT José Abraão considerou hoje que já "não há condições" para aumentar a flexibilização do mercado de trabalho, tal como recomenda o Fundo Monetário Internacional na conclusão da 10ª avaliação ao programa de ajustamento.
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País Comunicado
Em comunicado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) insistiu que Portugal tem de ir mais longe na flexibilização do mercado de trabalho, pedindo a Lisboa para 'resistir' às pressões para aumentar a despesa pública.
Em declarações hoje à agência Lusa, José Abraão, dirigente da UGT e vice-presidente da Federação Sindical da Administração Pública (FESAP), disse que já não há condições para flexibilizar o mercado de trabalho.
"Eu perguntaria o que é que há mais para flexibilizar quando, no que respeita ao mercado de trabalho, aquilo que eram direitos constituídos e têm a ver com uma certa marca civilizacional está traduzido hoje num recuo de décadas que penaliza toda a gente, em particular os trabalhadores da administração pública?", questionou.
José Abraão lembrou que o "Governo procurou introduzir o despedimento de trabalhadores e criou mecanismos que até alteraram o dicionário: quando antes se falava em mobilidade especial para despedir, agora chama-se requalificação".
Segundo acrescentou, "o Governo colocou, do lado dos trabalhadores, contribuições para a saúde, nomeadamente em organizações que resultam das relações de trabalho como é o caso da ADSE, e criou sistemas de avaliação de desemprenho que só servem para despedir e para colocar postos de trabalho numa situação de requalificação".
José Abraão lembrou ainda que o Governo também reduziu salários em mais de 20% e "não respeita a lei" no que concerne ao horário de trabalho.
"Já é altura de dizer 'basta' de racionalização, de austeridade, de encerramento de serviços como os tribunais, finanças e escolas. O Governo está a contribuir para a desertificação do interior", frisou, acrescentando que "qualquer dia os trabalhadores têm de pagar para trabalhar".
A vice-diretora do FMI, Nemat Shafik, refere num comunicado no qual anunciou a conclusão da aprovação da 10.ª avaliação ao programa de ajustamento de Portugal e o desembolso de uma "tranche" de 910 milhões de euros, que um "aumento do investimento, em especial no setor transacionável, é necessário para gerar mais emprego e gerar os excedentes externos necessários para anular os desequilíbrios".
Na nota enviada às redações, a organização liderada por Christine Lagarde qualificou como "louvável" a forma como o Governo português tem implementado o programa de ajustamento, "apesar dos contratempos legais", numa referência aos chumbos do Tribunal Constitucional de algumas medidas propostas pelo executivo de Lisboa.
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