O processo de identificação dos restos mortais e sua entrega às famílias esteve na agenda da reunião realizada hoje em Luanda entre representantes das famílias e dos ministérios das Finanças e das Relações Exteriores, de Angola, com uma equipa da Kenyon - Serviços Internacionais de Emergência, liderada por Stephen Gregory.
A Kenyon foi contratada no dia do acidente pelas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) para assessorar a empresa intermediar os contactos com os representantes legais das vítimas e a imprensa.
O voo TM-470, da LAM, despenhou-se na Namíbia, no Parque Nacional de Bwabwata, entre Angola e o Botsuana, e a bordo seguiam 27 passageiros e seis membros de tripulação, que não sobreviveram ao embate o solo.
Nove das vítimas tinham nacionalidade angolana e sete tinham nacionalidade portuguesa.
Na reunião de hoje apenas foi tratada a questão de identificação e qual o processo de trasladação dos restos mortais.
No final da reunião, Stephen Gregory disse à Lusa que idênticas reuniões foram realizadas em todos os países cujos cidadãos morreram no acidente, mas escusou-se a prestar outras declarações à imprensa.
Ao contrário do que foi anunciado pelo Ministério das Relações Exteriores angolano, no comunicado em anunciou a realização da reunião de hoje, a questão das indemnizações, a cargo da LAM, não fez parte dos temas do encontro.
Elsa Luvualu, mãe do músico angolano Action Nigga, uma das vítimas mortais do acidente, reafirmou à imprensa as críticas que fez no passado dia 27 de dezembro, acusando a LAM de continuar sem dar explicações às famílias das vítimas.
"Quanto ao comportamento na LAM, não mudou absolutamente nada", disse.
Na reunião de hoje estiveram presentes representantes da empresa moçambicana, que recusaram prestar declarações à imprensa.
Segundo o conselheiro da Embaixada de Angola na Namíbia, José Leitão Bravo, que presidiu à reunião, o encontro visou ainda dar explicações aos familiares das vítimas, a quem pediu "paciência" para um processo de identificação e trasladação que definiu como "infelizmente moroso".
O processo de identificação pelo ADN vai ser feito nos próximos dias, dada a impossibilidade de identificação com impressões digitais.
A 21 de dezembro, o Instituto Nacional de Aviação Civil de Moçambique divulgou o relatório preliminar sobre a queda do avião da LAM, na Namíbia, numa atitude que o investigador moçambicano Alves Gomes, que está a realizar uma investigação privada sobre o desastre, classificou como "estranha" e alheia às normas do ICAO.
Moçambique, Angola, Brasil, Estados Unidos, Botsuana e Namíbia são os países envolvidos na investigação do acidente