Perante a pergunta de como é que os diferentes ecossistemas se comportam perante o aumento médio da temperatura do ar e do mar, a subida do nível do mar ou o aumento de eventos climáticos extremos, a equipa de cientistas concluiu que as "mudanças locais na diversidade, por vezes, não acompanham as tendências globais", afirmou a Universidade de Coimbra (UC), em nota de imprensa enviada à agência Lusa.
O estudo, publicado na revista Nature Communications, juntou 60 investigadores europeus que analisaram 150 séries temporais de biodiversidade, abrangendo mais de seis mil espécies de 21 países da Europa, em diferentes biorregiões.
O projeto, que inclui os investigadores portugueses Miguel Pardal e Filipe Martinho, da UC, revela que em grandes áreas da Europa central e do sul "nem a diversidade de espécies nem o número de espécies e indivíduos sofreram alterações".
Já no norte da Europa, "foi registado um aumento na diversidade e no número de espécies" - uma constatação que pode ser parcialmente atribuída ao "aumento das temperaturas no curso das mudanças climáticas globais" -, explicam os investigadores.
Segundo Miguel Pardal e Filipe Martinho, "em muitas partes da Europa, a fauna e flora tradicionais estão a ser substituídas por novas espécies que geralmente estão adaptadas às condições mais quentes".
Apesar de a tendência global do planeta ser clara - uma diminuição de diversidade entre quase todos os grupos de animais e plantas -, ao nível regional "o quadro é mais complexo", notam os investigadores.
Fatores locais como "a perda de espécies raras e o estabelecimento de novas espécies desempenham um papel significativo nos resultados gerais".
"É essencial conhecer as diferentes tendências da biodiversidade em cada ecossistema e em cada local para poder implementar medidas de proteção sustentáveis", defendem.
Os investigadores alertam ainda que "a maioria das séries temporais [analisadas] começou antes da década de 1980, quando uma perda significativa de espécies já se tornara aparente".
"Por outro lado, as tendências podem diferir significativamente, dependendo do bioma e do grupo de organismos analisado. Embora pudéssemos observar um aumento de biodiversidade nas áreas marinhas durante o período do estudo, esse não foi o caso nos rios", disseram.
Perante os resultados, a equipa internacional recomenda "uma expansão das séries temporais da biodiversidade e a padronização dos métodos de medição europeus nos diferentes habitats".
"Esta é a única maneira de desenvolvermos medidas de conservação significativas para cada região no que respeita à fauna e flora", concluem os investigadores.