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"Portugal não pode fingir que não existe pandemia nem crise"

Marcelo Rebelo de Sousa discursou na cerimónia do 10 de junho nos Jerónimos onde referiu que o país não pode regressar às soluções do passado. Presidente vai homenagear profissionais de saúde que trataram o primeiro doente com Covid-19 em Portugal.

"Portugal não pode fingir que não existe pandemia nem crise"
Notícias ao Minuto

11:46 - 10/06/20 por Notícias Ao Minuto

País Dia de Portugal

Marcelo Rebelo de Sousa discursou nas comemorações do Dia de Portugal nos Claustros do Mosteiro dos Jerónimos, começando por referir que "deveríamos estar no Funchal" a celebrar o 10 de junho, o que não foi possível devido à pandemia da Covid-19. Sublinhando D. Tolentino como um homem do "humanismo", o Presidente da República frisou que "o humano é universal e todas as vidas contam, todas importam"

"Mas há um 10 de junho que nos interpela", aquele que "exige mais, exige que o queiramos converter em ação". "Percebemos mesmo o que se passou e passa ou, apesar de concordarmos com os desafios deste tempo, preferimos voltar ao passado naquilo que ele já não serve ou não foi suficiente?", começou por questionar o Presidente da República. 

"Percebemos mesmo que a pandemia foi global, exacerbou egoísmos, intolerâncias e recusas dos outros e do diferente, parou economias, refez fronteiras" ou "pensamos que tudo foi um equívoco, um exagero político ou mediático?", perguntou também Marcelo, destacando alguns dos principais números da Covid-19 em Portugal. 

"Percebemos mesmo que a pandemia ainda não terminou e que a economia e a sociedade ainda estão longe de terem arrancado sustentadamente, o que nos obriga a ter de sofrer de um lado e de recriar do outro, ao mesmo tempo? [...] Que termos chegado onde chegámos só foi possível porque o povo português assumiu a contenção e, em geral, está a saber convertê-la em abertura com sensatez e maturidade?"

Marcelo prosseguiu, asseverando que "os políticos fizeram uma trégua de dois meses e uniram-se no essencial" e, "na saúde, tivemos heroísmo ilimitado, a fazer de carências e improvisos, excelência salvaguarda de vida e saúde". Ou "gostamos de homenagear mas, ainda em plena pandemia, achamos que é chegada já a hora de fazer cálculos pessoais ou de grupo, de preferir o acessório àquilo que durante meses considerámos essencial, de fazer de conta que o essencial já está adquirido, já é um mero alibi para apagar a liberdade e controlar a Democracia?".

Para o Chefe de Estado, "temos nos meses e anos próximos uma oportunidade única para mudar o que é preciso mudar, com coragem e determinação". "Ou escolhemos retocar, regressar ao já visto, como se os portugueses se esquecessem do que lhes foi, é e vai ser pedido de sacrifício e satisfizessem com revisitar um passado que a pandemia submergiu", frisou.

"Portugal não pode fingir que não existiu e existe pandemia, como não pode fingir que não existiu e existe brutal crise económica e financeira. E este 10 de junho de 2020 é o exato momento para acordarmos todos para essa realidade. Não podemos entender que nada ou quase nada se passou, como não podemos admitir que algo de grave ou muito grave ocorreu e esperar que as soluções de ontem sejam as soluções de amanhã", acrescentou. 

"Heróis da Saúde" homenageados

"É justo que nos unamos para homenagear os heróis da saúde em Portugal" e "aqui lhes testemunho essa homenagem". Assim, e "não podendo galardoar simbolicamente todos eles, escolhi os que trataram o primeiro doente com Covid-19. O médico que acompanhou, o enfermeiro que cuidou, a técnica de diagnóstico que examinou, a assistente operacional que velou", revelou.

Neles eles "a quem entregarei dentro de dias as simbólicas insignias da Ordem do Mérito, abarcarei milhares e milhares de heróis, de centenas de serviços e unidades de saúde".

Marcelo Rebelo de Sousa terminou o seu discurso lembrando as lições de há cem anos: "Desperdiçámos uma oportunidade única para sermos uma democracia moderna, livre e inclusiva. Desperdiçámos a lição da pneumónica, da última grande pandemia, e da crise económica, social e política que lhe seguiu".

"Cem anos depois, não cometeremos o mesmo erro. Não desperdiçaremos o frémito nacional que vivemos, a oportunidade singular de começar de novo. Hoje, com o que já sofremos e o que vamos sofrer, o que 10 de Junho nos impõe é não perder o instante irrepetível, honrar os mortos, mobilizar os vivos, unir as vontades, converter o medo em esperança, pensar diferente, fazer um Portugal com futuro", concluiu.

[Última atualização às 12h14]

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