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"Expressão 'regresso à normalidade' devia ser proibida, porque é ficção"

Marques Mendes comentou na SIC o tema do momento: o novo coronavírus. Para o ex-líder do PSD, a retoma vai "ser uma tarefa ciclópica".

"Expressão 'regresso à normalidade' devia ser proibida, porque é ficção"

Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário de domingo no Jornal da Noite da SIC, falou acerca do tema incontornável nos tempos que correm: o novo coronavírus. O ex-líder do PSD começou por mostrar quadros comparativos de Portugal em relação a outros países, em termos de testes, óbitos e número de infetados. Apesar dos nossos valores, "cada vítima mortal é uma tragédia", frisou.

Partindo destes dados, considerou que "os nossos hospitais têm respondido de forma muito positiva e eficaz". "Havia, há semanas, o risco e a ameaça que os serviços públicos de saúde entrassem em colapso. Não entraram", disse, acrescentando que faz "um balanço positivo" da situação no nosso país e ressalvando também que, apesar disso, "não se pode deitar tudo a perder". 

Instado a comentar um regresso à normalidade já, Marques Mendes afirmou: "Acho que a expressão 'regresso à normalidade' devia ser uma expressão proibida, porque é uma ficção". "Até termos uma vacina - e provavelmente não vamos ter até ao verão do próximo ano - não há regresso ao normalidade. Devemos dizer é regresso à normalidade possível". 

E esta retoma vai, nas palavras do comentador, "ser uma tarefa ciclópica". "Reabrir atividades, voltar ao trabalho, sair de casa, é sempre mais difícil do que fazer o contrário. Aqui chegados, há um risco, o risco de uma recaída. Vai ser precisa muita pedagogia", sublinhou. 

A área da Educação foi outro dos pontos destacados no comentário habitual, com os "parabéns" ao Governo e ao Ministério da Educação pelo "tempo recorde" em que "montou o sistema da TeleEscola". É uma "solução de recurso boa, mas atenção: nada dispensa as aulas presenciais", assumiu, sugerindo que haja aulas de "recuperação" nos meses de verão, sendo voluntárias e gratuitas. 

Outro dos "inimigos da recuperação" é "o medo". "Medo que as pessoas vão ter de sair de casa, voltar ao trabalho ou ir ao restaurante", especificou, deixando outra sugestão: "A Google e a Apple estão a pensar em preparar uma aplicação que permite detetar um contacto com pessoas infetadas. Se garantir o anonimato do doente pode ser uma boa ideia a ponderar". 

Austeridade é inevitável? 

"Falando com verdade, diria que sim", foi a resposta peremptória de Marques Mendes. "Julgo que no setor privado é, infelizmente, inevitável haver austeridade. No setor público talvez não", considerou.

E passou a explicar: "No setor privado vai haver [porque] qualquer pessoa que tenha a infelicidade de cair no desemprego vai, obviamente, sentir austeridade. E quem está em teletrabalho, obviamente que tem austeridade, tem o seu rendimento reduzido. Pessoas que, nas empresas, vão ver o seu salário reduzido, mesmo que temporariamente, claro que vão sentir austeridade. E, finalmente, se houver um aumento de impostos e as pessoas forem pagar mais impostos, obviamente que vão sentir mais austeridade". 

"E não tenho grandes dúvidas que vai haver um aumento de impostos", concluiu. 

Quando "se fala em austeridade, fala-se em cortes de salários dos funcionários públicos ou em cortes de pensões". Marques Mendes assumiu que "esse cenário não vai acontecer". "Não vamos ter e não é uma opção do primeiro-ministro ou do Governo, acho que não é desejável nem recomendável pelos especialistas", sublinhando ainda que, nesta crise, não temos entidades a imporem-nos cortes.

Também "quando falamos em austeridade", prosseguiu, "temos de dividir estes dois países: o do setor privado e o do setor público. Infelizmente, volta aqui esta diferença. Só faço um apelo: Que o Governo faça os possíveis, tudo o que está ao seu alcance, para diminuir o mais possível as assimetrias entre setor público e privado"

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