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Poluição e pressão turística deviam limitar navios cruzeiro em Lisboa

A pressão turística e a "poluição muito significativa" associadas aos navios cruzeiro que chegam a Lisboa deveria levar à imposição de "regras mais restritas" e limitações ao número de acostagens, defende a associação ambientalista Zero.

Poluição e pressão turística deviam limitar navios cruzeiro em Lisboa
Notícias ao Minuto

09:19 - 11/01/20 por Lusa

País Zero

"O estuário é uma das vias principais também de acesso a muitos turistas e aí, infelizmente, é uma pressão crescente associada aos navios de cruzeiro que aqui chegam em número cada vez maior", disse à agência Lusa o presidente da Zero - Associação Sistema Sustentável Terrestre, Francisco Ferreira.

A propósito da cerimónia de abertura oficial da Lisboa Capital Verde Europeia 2020, marcada por hoje à tarde, Francisco Ferreira esteve com a Lusa em três locais da cidade - Campo Grande, Restauradores e zona ribeirinha - onde falou sobre alguns dos maiores problemas ambientais de Lisboa, nomeadamente o aeroporto, o trânsito e o elevado número de navios cruzeiros que passam pelo Tejo.

Considerando que a poluição provocada pelos cruzeiros é "muito significativa", o ambientalista exemplificou com o nível de enxofre associado à poluição destes navios, que é superior "várias dezenas de vezes" ao total do enxofre emitido por todos os veículos em Portugal".

"São emitidas por estes grandes navios, que são verdadeiras cidades, partículas ultrafinas, enxofre, óxidos de azoto, há que perspetivar uma resolução para este problema, há que limitar e garantir as características dos navios", defendeu.

Por exemplo, disse, devia existir "normas mais apertadas para os equipamentos utilizados" pelos navios cruzeiro, à semelhança do que já se faz com os automóveis mais antigos que estão impedidos de circular no centro da cidade.

Ou seja, uma das regras poderia passar por interditar a frequência do porto aos navios mais antigos.

"É algo que Veneza, Barcelona, Marselha já estão a perspetivar resolver, bem como alguns países nórdicos, e nós aqui ainda temos muitos barcos a fazer a ligação à outra margem que são barcos muito antigos, com uma poluição mais significativa a acrescer à grande poluição dos navios de cruzeiro", sustentou.

Questionado se as limitações deveriam apenas ser impostas tendo em conta as características dos navios cruzeiro ou se deveria ser mesmo limitado o número de acostagens, Francisco Ferreira disse entender que talvez se deva "falar das duas limitações".

"Nós temos, neste momento, Lisboa como sendo, de acordo com dados de 2017, o segundo porto europeu de navios de cruzeiro a receber maior número de navios. E, claro está, nalguns casos nós se calhar teremos que impor regras mais restritas para os navios, mas também para este crescimento que tem existido, que não foi objeto de avaliação de impacto ambiental e que merece muitas queixas dos moradores daquela zona [de Santa Apolónia, onde foi construído o terminal de cruzeiros] pela poluição, também por algum ruído, e que só não são piores porque os ventos dominantes em Lisboa são de norte, noroeste, e muito dessa poluição vai para o estuário e não para a cidade", acrescentou.

Apesar deste problema de poluição ligada ao rio Tejo, o presidente da Zero recordou que foram feitos "milhares de milhões de investimento" no estuário ao longo dos últimos anos "para garantir que praticamente toda a água é tratada no que respeita às águas residuais domésticas e urbanas".

"E, sem dúvida, que é impossível falar de Lisboa sem falar do Tejo", salientou, considerando ser importante o trabalho que a Câmara Municipal de Lisboa, em articulação com outras entidades, tem feito para o tratamento das águas que podem agora, por exemplo, ser reutilizadas, levando a uma poupança importante de recursos.

Um dos compromissos assumidos pela autarquia para Lisboa Capital Verde Europeia é que, em 2025, praticamente toda a cidade tenha uma "rede de água reutilizada", estando já a ser criado um sistema para a rega e lavagem das ruas.

Francisco Ferreira destacou ainda "o esforço que tem sido feito na transição energética da parte do uso de combustíveis fósseis para, nomeadamente, as energias renováveis".

"Vários investimentos estão a ser feitos na produção de eletricidade renovável. Os próprios autocarros da Carris elétricos vão ser abastecidos por energia solar proporcionada pela própria Câmara, temos uma carreira que funciona 100% a biodiesel de óleos alimentares usados, são exemplos do ponto de vista da sustentabilidade que vale a pena referir", afirmou.

Além disso, continuou, no edificado existe o caso do Bairro da Boavista e de outros bairros que estão a ser objeto de uma remodelação importante onde se procura melhorar a eficiência energética, mas acima de tudo o conforto das pessoas, recorrendo ao uso de fontes renováveis de energia.

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