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Câmara de Lisboa tem de mostrar vontade de resolver questão do aeroporto

A distinção Lisboa Capital Verde Europeia é uma oportunidade que tem de ser utilizada e, ao longo deste ano, a autarquia tem de mostrar capacidade e vontade para resolver a questão do aeroporto, alerta a associação ambientalista Zero.

Câmara de Lisboa tem de mostrar vontade de resolver questão do aeroporto
Notícias ao Minuto

07:53 - 11/01/20 por Lusa

País Zero

"Esta oportunidade tem que ser utilizada por Lisboa", afirmou à agência Lusa o presidente da Zero - Associação Sistema Sustentável Terrestre, Francisco Ferreira, a propósito da atribuição do título Lisboa Capital Verde Europeia 2020, que a cidade recebe oficialmente hoje à tarde, numa cerimónia no Parque Eduardo VII.

Por um lado, explicou, a distinção é o reconhecimento daquilo que tem vindo a ser feito e dos muitos projetos que Lisboa tem para se tornar mais sustentável nas suas diferentes componentes, desde a habitação, aos espaços verdes, ao uso de energias renováveis e à mobilidade.

"Portanto, em todas essas vertentes sem dúvida que o percurso justifica [a atribuição da distinção], mas acima de tudo há uma oportunidade que nós não queremos ver perdida", salientou o presidente da Zero.

Por isso, a Câmara de Lisboa, que "está consciente dos problemas que existem", terá que mostrar ao longo deste ano que "tem capacidade e que os quer resolver", sendo a questão do aeroporto "um dos testes para ver até que ponto é que neste conflito", uma obra que também é de caráter nacional, "vai conseguir ser menos má em termos de impactes ambientais", acrescentou.

"É aí que o papel do executivo terá que ser absolutamente decisivo, é aí que se vai ver a força e a vontade política nesta oportunidade que é a Capital Verde Europeia", defendeu Francisco Ferreira.

Apontando a expansão do aeroporto, cuja avaliação de impacte ambiental ainda não está programada, como uma das grandes preocupações da Zero, o presidente da associação ambientalista adiantou que, quando a obra estiver concluída, irá provocar o aumento em um terço dos "movimentos" e levar a que "mais milhões de passageiros" passem por aquela infraestrutura.

Mas, enquanto essa expansão não ocorrer, a Zero defende que seria fundamental a proibição de voos durante a noite (por um período de seis horas), até porque é isso que está previsto na legislação.

"É isso que a Câmara de Lisboa, numa cidade verde, tem de exigir, a bem das pessoas, a bem da sua saúde, a bem de garantir o descanso", salientou Francisco Ferreira.

O ruído é, aliás, "um grande problema" na área do Campo Grande e em todo o corredor de aproximação dos aviões desde a Ponte 25 de Abril.

"Temos um aeroporto praticamente no centro da cidade e os níveis de ruído que nós medimos no Campo Grande são dez decibel acima do valor limite para as 24 horas", disse, defendendo a atualização do mapa do ruído da cidade e a implementação de medidas conjugadas entre o município e os responsáveis pelo aeroporto, neste caso a ANA, porque o ruído "é um dos problemas de saúde pública mais significativos relacionados com o ambiente".

O presidente da associação ambientalista, que falava à agência Lusa no Campo Grande, praticamente 'ao lado' do aeroporto, aproveitou o 'cenário' da entrevista para também mostrar que é possível existirem "zonas verdes significativas", como o jardim Mário Soares (precisamente no Campo Grande), o Parque Eduardo VII, o corredor verde que une o Marquês de Pombal até Monsanto, além do próprio Parque Florestal de Monsanto.

De qualquer forma, alertou, apesar de todos estes exemplos positivos, "Lisboa não tem mesmo assim a quantidade de espaços verdes que seria desejável principalmente em muitos bairros.

Questionado se o facto de Lisboa ser Capital Verde durante 2020 poderá ajudar a mudar alguma coisa, Francisco Ferreira insistiu que é uma oportunidade que tem de ser utilizada pela capital, reconhecendo que a cidade tem tido um conjunto de iniciativas, também em linha com algumas políticas nacionais, que mostram a "vontade de se tornar mais sustentável", nomeadamente a ideia de atingir a neutralidade carbónica na próxima década e reduzir fortemente as emissões de gases com efeito estufa.

"Penso que a atribuição do prémio, neste caso do título de Capital Verde Europeia, deve precisamente fomentar estas possibilidades de capitais ou de cidades que querem fazer a mudança, mas que ainda têm muito por mudar, mais do que premiar aquelas que já têm grande parte do trabalho feito. Isso também foi um sinal quando a atribuição foi feita para Lisboa. O que se espera é que nós agora sejamos consistentes com essa com essa mudança", defendeu.

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