Reiterando as afirmações que o advogado já tinha proferido ao início da tarde, Manuel Pinho queixou-se, no final da audição junto do DCIAP, em Lisboa, que não lhe foram feitas perguntas.
O antigo ministro, arguido por corrupção e recebimento indevido de vantagem no caso das rendas da EDP, dirigiu palavras de simpatia aos procuradores, mas críticas ao facto de ser chamado e não ser interrogado.
"Sou o principal interessado em que isto fique totalmente esclarecido e que, além disso, fiquem esclarecidas as relações entre os poderes políticos e económicos no que diz respeito ao setor da energia", adiantou, sublinhando que lhe foi feita apenas "uma questão".
"É a terceira vez que venho cá. Imagino que venha cá uma quarta vez, uma quinta", queixou-se. "É a terceira vez e não me fazem perguntas", reforçou.
O processo das rendas excessivas da EDP está há sete anos em investigação.
O Tribunal da Relação de Lisboa declarou nulo o despacho do juiz Ivo Rosa que retirou o estatuto de arguido no processo EDP a Manuel Pinho e a Miguel Barreto, ex-diretor-geral da Energia.
A defesa de Manuel Pinho, que foi ministro da Economia e Inovação entre 2005 e 2009, interpôs recurso para o constitucional, aguardando ainda uma decisão.
Manuel Pinho foi constituído arguido no verão de 2017, tendo-lhe sido aplicado a medida de coação de TIR.
A Polícia Judiciária e o Ministério Público suspeitam que o ex-ministro socialista poderá ter recebido, de uma empresa do Grupo Espírito Santo, cerca de um milhão de euros entre 2006 e 2012.