No Tribunal Criminal do Bolhão, no Porto, a juíza titular do processo determinou que as partes têm até 23 de setembro para apresentar o texto de um acordo, sem o que o julgamento avança nessa data.
Após ouvir os advogados, a magistrada judicial considerou que "há possibilidade séria" desse entendimento.
Mário Ferreira está no estrangeiro, mas autorizou o seu advogado a negociar com o representante do arguido.
O empresário deduziu acusação particular, acompanhada pelo Ministério Público, contra o ex-maquinista de barcos do Douro Gonçalo Gomes que, nomeadamente em 18 de junho de 2017, o classificou como o "tubarão" que "não gosta de verdades".
"Tresanda a exploração e corrupção onde mete as mãos", referiu também o ex-maquinista na rede social Facebook.
A Gonçalo Gomes, que está acusado pela prática do crime de difamação com publicidade, Mário Ferreira pede uma indemnização de cinco mil euros por danos não patrimoniais.
O ex-maquinista já tinha sido condenado a multa por ofensa à empresa de Mário Ferreira, a Douro Azul, tendo rejeitado, antes desse julgamento, qualquer entendimento.
Tendo igualmente como pano de fundo considerandos acerca da alegada exploração laboral na atividade marítimo-turística no rio Douro, Gonçalo Gomes foi também condenado a multa por ofensa a outra operadora de turismo fluvial, a Tomaz do Douro - Empreendimentos Turísticos, Lda., para a qual trabalhou.
A Tomaz do Douro acusou-o de imputar à empresa factos que "assumem caráter calunioso", em 'posts' na rede social Facebook, após terminar "por caducidade" o contrato de trabalho do funcionário, em 4 de dezembro de 2016.
Em 9 de setembro de 2017, o ex-maquinista envolveu-se numa ação de protesto, em Vila Nova de Gaia, contra a precariedade dos trabalhadores do setor do turismo fluvial do rio Douro, enquanto porta-voz da denominada Plataforma Laboral e Popular (PLP).
Distribuindo panfletos bilingues (português e inglês), com o título "Douro em Luta", junto de turistas e transeuntes, quatro elementos da PLP pretenderam chamar a atenção para a necessidade de "acabar com a precariedade no setor do turismo", "acabar com os salários miseráveis" pagos pelos operadores no Douro e "acabar com os abusos nas jornadas semanais", de "60 horas, sem direito a descansar dois dias por semana".
Gonçalo Gomes afirmou então aos jornalistas que existia "escravatura laboral" neste setor.