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"Ninguém se esqueça que basta uma fração de segundo"

Um artigo de opinião assinado por César Blazer, Engenheiro Coverpool International.

"Ninguém se esqueça que basta uma fração de segundo"
Notícias ao Minuto

12:10 - 05/07/19 por Notícias Ao Minuto

País Artigo de opinião

"Esta é a expressão mais ouvida quando os acidentes acontecem. Foi numa fração de segundos (…) Uma fração de segundos que muda tudo para sempre.

Apesar de ser um tema recorrente, e de os números revelarem uma maior consciência na cadeia de responsabilidades, ainda há muito por fazer.

Dados da APSI- Associação para a Promoção da Segurança Infantil, revelam que nos últimos anos tem havido uma média de 34 vítimas de afogamentos/ano. Dessas, 10 acabaram por morrer e as restantes encaminhadas para internamento. Segundo a Organização Mundial de Saúde, em termos de idades, as taxas mais elevadas de afogamentos encontram-se entre as crianças de 1 a 4 anos de idade e os principais locais onde estes ocorrem são as piscinas (28%), seguidas das praias (22%), tanques e poços (22%) e os rios, ribeiros e lagoas (22%).

Se a maioria destes afogamentos acontece em piscinas privadas ou públicas, porque é que ainda nada foi feito para se controlar esta situação? Ou seja, são ainda muitas as crianças que perdem a vida em acidentes que podiam ter sido evitados. Os afogamentos continuam a ser a segunda maior causa de morte acidental nas crianças e aproximam-se os meses mais críticos.

Em Portugal, a legislação está aquém das necessidades e da responsabilidade que a vida das crianças merece. O Estado ainda não olhou para o problema com olhos de ver e nada fez perante este cenário. As únicas piscinas com requisitos específicos são as integradas nos parques de diversões, e foi necessária a tragédia ocorrida em 1993 num parque aquático para que fosse criada.

Quantos mais acidentes terão de ocorrer para que se crie uma legislação mais inclusiva e rigorosa, que englobe também piscinas de uso doméstico unifamiliar, multifamiliar, condomínios, empreendimentos turísticos e alojamento local

Apesar de nenhum sistema de segurança ser infalível e a existência de legislação só por si não garantir o fim dos acidentes, certamente que com a sua existência e respetiva fiscalização, a realidade seria diferente.

Tomemos o exemplo de França. Desde 1 de janeiro de 2004 que todas as piscinas privadas, devem incorporar dispositivos de segurança, sejam eles coberturas, cobertas, alarmes ou barreiras, com o objetivo de prevenir ao máximo os afogamentos em crianças pequenas, entre outros acidentes.

Os factos não mentem e é precisamente na faixa etária entre os 0 e os 4 anos que a maioria dos acidentes acontecem, com uma percentagem que ronda os 34%. Seguidos da faixa etária dos 10 aos 14 anos, com 25%.

Podemos especular sobre as causas dos acidentes e sobre quem recaem as responsabilidades, mas o mais importante é que ninguém se esqueça que basta uma fração de segundo."

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