"Nós compreendemos que algumas pessoas tenham neste momento receio relativamente à segurança dos seus familiares, mas estamos convencidos que estes alunos que agora saíram rapidamente voltarão a Moçambique", afirmou José Cesário em declarações à Lusa.
Cerca de 40 alunos abandonaram a EPM desde que, em setembro, começou o atual ano letivo, disse à Lusa a diretora do estabelecimento de ensino.
De acordo com Dina Trigo de Meira, a maioria dos alunos que desistiram terá regressado a Portugal, mas não descartou a possibilidade de ter havido transferências para outros estabelecimentos da capital ou do país.
A EPM tem cerca de 1600 alunos, de 14 nacionalidades, do pré-escolar ao 12.º ano.
Em Moçambique residem mais de 20 mil portugueses, que têm manifestado preocupações face à onda de raptos que assola a capital, e outras cidades, como a Beira, e também perante o espetro do regresso à guerra, com o recente eclodir de confrontos armados entre o exército e a Renamo, principal partido da oposição, no centro do país.
Para o secretário de Estado das Comunidades, a situação vai acabar por voltar à normalidade, já que "os portugueses que estão em Moçambique estão muito bem integrados" e "têm excelentes relações com as populações e com as autoridades locais".
Os portugueses, adiantou, "querem ali continuar", o que leva o Governo português a considerar esta como "uma situação transitória que evoluirá a breve trecho no bom caminho".
Lembrando que milhares de portugueses se mantiveram em Moçambique mesmo enquanto durou a guerra civil, José Cesário referiu que "as últimas gerações que emigraram [para aquele país] constituíram-se como um fator de enorme desenvolvimento de Moçambique".
Na terça-feira uma cidadã portuguesa foi raptada nos arredores de Maputo, encontrando-se ainda em situação de cativeiro.
Igualmente sequestrados pelo crime organizado encontram-se dois portugueses há mais de uma semana, cuja condição foi revelada na terça-feira pelo cônsul geral de Portugal em Moçambique, Gonçalo Teles Gomes.
"O sentimento é de desespero, angústia e tristeza, porque isto nunca acaba", disse à Lusa, na terça-feira, Horácio Feliciano, presidente da Associação dos Portugueses de Moçambique, lamentando o facto de as autoridades não conseguirem estancar um crime que assola as cidades moçambicanas há dois anos.