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"Não sou o monstro que dizem". Ana Julia acusa Espanha de racismo

Ana Julia Quezada enviou duas cartas a uma conhecida jornalista espanhola, a partir da prisão. "Não sou o monstro que essas pessoas dizem".

"Não sou o monstro que dizem". Ana Julia acusa Espanha de racismo
Notícias ao Minuto

09:18 - 13/04/18 por Sara Gouveia

Mundo Assassinato

A assassina confessa do pequeno Gabriel Cruz, de oito anos, escreveu duas cartas, a partir da prisão, a uma conhecida jornalista espanhola, Ana Rosa Quitana.

As duas missivas, enviadas 26 dias depois de ter entrado na prisão de El Acebuche têm distintos assuntos. Na primeira, fala sobre a morte de Gabriel e pede perdão, na segunda, afirma ter sido vítima de racismo por parte dos espanhóis e da Guardia Civil. Recorde-se que Ana Julia é de nacionalidade dominicana.

"Antes de tudo, quero pedir perdão a toda a família do Gabriel, e a todas as pessoas a quem fiz mal", começa a primeira carta. Apesar de ter confessado o crime e das provas encontradas, continua a referir estar incomodada "com todas as mentiras" que se têm dito sobre si. "A minha versão dos factos? Foi um acidente e vou sempre dizê-lo porque é a verdade".

Continua falando de Angel, o pai de Gabriel e seu companheiro, declarando o seu amor por ele e admitindo: "tirei à pessoa que mais amo o melhor que alguém pode ter, um filho".

"Também acredito que, cometas o crime que cometas, tens o direito a ser tratada como uma pessoa", remata por fim.

Depois de ter visto umas imagens na televisão que davam conta de um linchamento público de uma boneca parecida consigo, Ana Julia voltou a escrever à jornalista. O tom da carta desta vez é mais irritado e indignado.

"Imagens impressionantes as que vi hoje. Mas o que não acho normal é ver imagens onde queimam uma boneca de plástico preta, como se me queimassem a mim", escreve. Continuando a mostrar a sua indignação: "O que aconteceu com o Gabriel foi um acidente. Não sou o monstro que essas pessoas dizem e fi-lo acidentalmente. Eles fizeram-no por querer, são mais monstruosos que eu. Enquanto escrevo esta carta, tremem-me as mãos. Quando há pessoas de cor branca que cometem este tipo de crimes, nunca há tanta barbaridade. A isto chama-se racismo e xenofobia".

"Cometi um crime sem querer e a única coisa que peço é que me tratem e julguem como deve ser", apela, questionando ainda: "Não há racismo em Espanha? Menos mal que aqui na prisão me sinto bem e me tratam como é devido porque são profissionais".

Recorde-se que Gabriel Cruz desapareceu a 27 de fevereiro em Las Hortichuelas, Nijar, Almeria, tendo sido visto pela última vez a sair de casa da avó em direção a casa de um primo. Depois de vários dias de buscas, o corpo do menino acabou por ser encontrado no porta-bagagens do carro da madrasta, apanhada em flagrante a tentar transportá-lo. Ana Julia Quezada é a autora confessa do sequestro e homícidio do menino, estando acusada de ter estrangulado a criança no dia em que este desapareceu.

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