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Merkel contradiz ministro em declaração polémica sobre o Islão

A chanceler alemã Angela Merkel contradisse hoje o seu novo ministro do Interior, Horst Seehofer, ao sublinhar que os quatro milhões de muçulmanos que vivem no país e a sua religião, o Islão, "pertencem à Alemanha".

Merkel contradiz ministro em declaração polémica sobre o Islão
Notícias ao Minuto

14:37 - 16/03/18 por Lusa

Mundo Chanceler

Em conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven, Merkel foi questionada sobre a primeira entrevista concedida por Seehofer após assumir o cargo, e onde se desmarcou da posição defendida no passado pela chanceler e assegurar que "o Islão não pertence à Alemanha".

O líder da União social-cristã da Baviera (CSU), partido associado à União Democrata-Cristã (CDU) com presença no resto do país, desencadeou desta forma a primeira dissensão pública entre os membros do novo Governo alemão da "grande coligação" que tomou posse quarta-feira.

Merkel foi clara na sua resposta, e após sublinhar que o caráter do país está fortemente marcado pelo cristianismo, recordou quem vivem quatro milhões de muçulmanos na Alemanha, onde exercem a sua religião.

"Estes muçulmanos pertencem à Alemanha tal como a sua religião, o Islão, pertence à Alemanha", sublinhou a chanceler para advogar um Islão de acordo com os princípios da Constituição e defender a convivência entre religiões.

Em entrevista publicada hoje no diário Bild, Seehofer desmarcou-se da posição de Merkel e distanciou-se da frase "o Islão pertence à Alemanha", pronunciada pelo ex-Presidente alemão Christian Wulff e que foi de imediato assumida por Merkel.

O líder conservador bávaro precisou que os muçulmanos que vivem no país "obviamente que pertencem à Alemanha".

"Isso não significa naturalmente que por falsa condescendência renunciemos aos nossos costumes típicos", acrescentou Seehofer, que na anterior legislatura foi particularmente crítico com a gestão da crise dos refugiados por parte da chanceler.

Na habitual conferência de imprensa do executivo, o porta-voz do Ministério do Interior, Johannes Dimroth, disse que as declarações de Seehofer deviam ser consideradas no seu contexto e não através de uma frase isolada.

"O ministro também disse que se deveria continuar a trabalhar com as organizações muçulmanas no âmbito da Conferência Alemã sobre o Islão", disse Dimroth.

A Conferência Alemã sobre o Islão é um fórum criado por Wolfgang Schäuble quando era ministro do Interior para fomentar o diálogo entre o Governo e os muçulmanos que vivem na Alemanha.

O presidente do Conselho Central dos Muçulmanos que vivem na Alemanha, Aiman Mayzek, criticou as declarações de Seehofer.

"Não se pode dizer que os muçulmanos pertencem à Alemanha mas o Islão não, isso não é possível", disse em declarações à televisão privada n-tv.

Na qualidade de ministro do Interior, uma pasta que os conservadores bávaros reclamaram durante as negociações de coligação com os sociais-democratas, Seehofer pretende criar as condições para que os requerentes de asilo cujo pedido tenha sido rejeitado sejam expulsos rapidamente do país.

"Poremos em prática o que estamos a pedir desde há anos. Entre outras coisas, declarar como seguros mais países de origem, um plano geral de deportações e a intensificação da luta contra as causas pelas quais essa gente foge", apontou o ministro.

"E teremos naturalmente que fornecer proteção aos que necessitam, e fazer tudo para integrar os que ficam", acrescentou.

Desde 2015 chegaram à Alemanha mais de 1,3 milhões de requerentes de asilo e a maioria entrou pela Baviera, a fronteira sul do país.

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