A vice-presidente do governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, respondeu à carta enviada por Carles Puigdemont a Mariano Rajoy e lamentou a falta de resposta da Generalitat.
“O governo lamenta que o presidente da Generalitat tenha decidido não responder ao requerimento formulado na passada quarta-feira”.
Numa declaração à imprensa, Soraya Sánez de Santamaría fez um novo ultimato ao governo catalão, exigindo que até à próxima quinta-feira, dia 19 de outubro, seja totalmente clarificada. No dia seguinte, há conselho de ministros e uma resposta drástica, nomeadamente a aplicação do artigo 155.º, pode ser opção.
Nesse sentido, a ‘vice’ de Rajoy ameaçou com a aplicação deste artigo, realçando que este “não serve para suspender o governo autónomo, mas sim para restabelecer a legalidade e o exercício da autonomia de acordo com a constituição”. “Está nas suas mãos [de Carles Puigdemont] evitar que sejam dados os passos seguintes”, ameaçou.
Relativamente ao apelo de diálogo feito pelo presidente da Generalitat, a vice-presidente espanhola foi assertiva: “O diálogo não se exige, pratica-se”.
No início da manhã, foi divulgada a carta enviada pelo presidente da Generalitat ao primeiro-ministro espanhol. Puigdemont não esclareceu totalmente se declarou ou não a independência na passada terça-feira, 10 de outubro, e voltou a insistir na importância de diálogo. Nesse sentido, pediu um prazo de dois meses de conversações com Madrid.
Antes das declarações de Soraya Sáenz de Santamaría, o ministro da Justiça espanhol, Rafael Catalá, disse que que a carta de Puigdemont não responde à questão colocada por Madrid.
Por seu lado, a ministra da Agricultura, Pesca, Alimentação e Meio Ambiente, Isabel García Tejerina, disse que o “único diálogo válido é aquele que é feito através da legalidade”. “A única maneira de resolver os problemas é através do diálogo, mas o único diálogo válido é aquele que é feito através da legalidade”, afirmou a ministra.
Pouco depois, foi a vez de Alfonso Dastis, ministro espanhol dos Assuntos Exteriores, criticar o documento, referindo que a carta “não fornece a clareza solicitada”. “Prevaleceram as influências mais radicais”, rematou.
Hoje foram chamados a tribunal o presidente da Assembleia Nacional Catalã (ANC), Jordi Sánchez, o presidente da Òmnium Cultural, Jordi Cuixart, bem como o chefe dos Mossos d´Esquadra, a polícia regional catalã, Josep Lluís Trapero.
Mariano Rajoy, que se deslocou para a Galiza, que está a ser devastada por vários incêndios, considerou que os apelos ao diálogo feitos por Puigdemont não são credíveis, uma vez que os catalães "nunca em toda a sua história, usufruíram de mais liberdades, de mais autonomia política e financeira que durante esta etapa democrática".
Por esse motivo, referendo-se à eventual suspensão da autonomia da Catalunha, o primeiro-ministro espanhol considera que Puigdemont será "o único responsável pela aplicação da Constituição".