"Lamentamos essa violência, lamentamos também o uso político que se quer fazer dela e, desde logo, vamos continuar a fazer frente a esse desafio ao Estado de Direito e da convivência entre os catalães", disse Alfonso Dastis aos jornalistas, em Roma, à margem do XY Fórum de diálogo Itália-Espanha.
Quando questionado acerca da postura da Comissão Europeia (CE), que pediu aos políticos envolvidos que passassem "dos confrontos ao diálogo" depois da realização do referendo de independência, Dastis afirmou que "a violência nunca pode ser um instrumento em política".
O ministro sublinhou ainda que a violência "não foi deliberada".
Dastis assegurou que o governo espanhol vai enfrentar o desafio da soberania "com todos os meios legais e políticos dentro da ordem constitucional", acrescentando que o executivo "sempre se mostrou disposto a dialogar dentro dos parâmetros da Constituição".
O diplomata rejeitou a possibilidade da instituição de um governo de unidade nacional entre os partidos constitucionalistas para enfrentar a crise da independência catalã.
"Não creio que chegaremos a esse ponto", referiu.
Dastis defendeu que "o Estado tem os instrumentos para lidar com esta crise como tem tido até agora: a serenidade, firmeza e bom senso de todos aqueles que apoiam a ordem democrática em Espanha e na Catalunha".
A justiça espanhola considerou ilegal o referendo pela independência convocado para domingo pelo governo regional catalão e deu ordem -- através do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC) - para que a polícia regional fechasse os locais de votação.
Face à inação da polícia regional, os Mossos d'Esquadra, em alguns locais, foram chamadas a Guardia Civil e a Polícia Nacional espanhola. Foram estes corpos de polícia de âmbito nacional que então protagonizaram os maiores momentos de tensão para tentar impedir o referendo.
A Guardia Civil e a Polícia Nacional espanhola realizaram cargas policiais e entraram à força em várias assembleias de voto que tinham sido ocupadas por pais, alunos, residentes e cidadãos em geral numa tentativa de garantir que os locais permaneceriam abertos.
Os confrontos provocaram -- segundo a Generalitat -- mais de 890 feridos.
O governo regional (Generalitat) anunciou na madrugada de segunda-feira que 90% dos catalães votaram a favor da independência no referendo, tendo exercido o direito de voto 42 por cento dos 5,3 milhões de eleitores.