Através de um comunicado emitido pela Organização de Estados Americanos (OEA) em Washington, Insulza exprimiu o seu “profundo mal-estar face à decisão das autoridades de vários países europeus”, incluindo Portugal, e alegadamente devido às suspeitas que o avião de Morales levava a bordo o ex-consultor dos serviços de informações norte-americanos Edward Snowden.
“Nada justifica uma ação tão irrespeitável face à mais alta autoridade de um país”, considerou Insulza no comunicado.
“Os países envolvidos devem fornecer uma explicação dos motivos pelos quais tomaram essa decisão, em particular porque a vida do primeiro mandatário de um país membro da OEA foi colocada em risco”, assegurou.
O avião presidencial de Evo Morales deslocou finalmente hoje de Viena após uma escala forçada de mais de 13 horas motivada pelo encerramento de vários espaços aéreos europeus, e devido à suspeita da presença a bordo do ex-técnico da CIA Edward Snowden, procurado pelo Governo dos Estados Unidos.
As autoridades bolivianas assinalaram a Itália, Portugal, França e Espanha entre os países que impediram que o avião de Morales sobrevoasse o seu espaço aéreo, obrigando o aparelho a dirigir-se para Viena.
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português (MNE) confirmou hoje ter cancelado por “considerações técnicas” o sobrevoo de Portugal e aterragem em Lisboa do avião do Presidente boliviano, na segunda-feira à tarde.
Em comunicado, o MNE acrescentou que a interdição de sobrevoo do espaço aéreo português foi levantada às 21:10 do mesmo dia, mantendo-se no entanto a interdição de aterragem “por considerações técnicas”.
“No dia 1 de julho, 2ª feira, às 16:28, foi comunicado às autoridades da Bolívia que a autorização de sobrevoo e aterragem, solicitada para o percurso de regresso Moscovo/La Paz, estava cancelada por considerações técnicas”, lê-se no comunicado.
“Perante o pedido de esclarecimento das autoridades bolivianas, recebido às 19:19 desse dia, foi esclarecido às 21:10 que as considerações de ordem técnica não obstavam ao sobrevoo do espaço aéreo nacional, tendo para tal sido expressamente concedida nova autorização de sobrevoo. Apenas a aterragem não seria possível por considerações técnicas”, acrescentou o texto.
Segundo o MNE, as autoridades bolivianas “continuaram a insistir na aterragem do avião presidencial em Lisboa” e, apesar de “múltiplos contactos por via diplomática” feitos na segunda e na terça-feira, “insistiram inicialmente em submeter junto das autoridades aeronáuticas internacionais um plano de voo que previa a aterragem em Lisboa para reabastecimento”.
Só na tarde de terça-feira, explicou o comunicado, é que “a Bolívia submeteu um plano de voo prevendo o sobrevoo do espaço aéreo nacional” e “aterragem em Las Palmas”.
“Está autorizado hoje, como sempre esteve, o sobrevoo do território nacional”, afirmou o MNE.
O chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Gracía-Margallo, também negou a existência de qualquer “proibição” para que o avião sobrevoasse espaço aéreo de Espanha e assegurou que Madrid tentou “abrir caminho” para que pudesse fazer uma escala em Las Palmas, nas ilhas Canárias.
No entanto, Morales já qualificou o incidente de “agressão à América Latina” e assegurou que no regresso a La Paz vai analisar “que ações tomar para que haja mais respeito”.
A pedido do Governo de Quito, a União das Nações Sul-americanas (Unasul) já convocou uma reunião extraordinária para analisar a situação, indicou o secretário-geral da organização, Alí Rodríguez.