O braço-de-ferro entre o governo de Madrid e a Catalunha em torno do referendo pela independência catalã está na ordem do dia. As manifestações em Barcelona têm sido diárias e a polícia até já chegou a deter membros do governo regional da Catalunha, entretanto já libertados.
Marisa Matias, eurodeputada pelo Bloco de Esquerda, mostra-se surpreendida com o silêncio dos países da União Europeia face a esta questão. "Em relação à Catalunha é o silêncio total, nem é uma questão de haver poucas vozes. Não há uma voz que se levante na União Europeia", disse a bloquista no seu espaço de comentário semanal na TVI 24.
Marisa Matias realça que sempre houve "tensões nacionalistas em Espanha, mas agora assumiu um nível de repressão e de autoritarismo, que eu acho que é isso que se está a passar, que é inédito".
Considera que a Constituição está a ser utilizada como uma "desculpa" para evitar o referendo e que se "houvesse vontade política, quer do primeiro-ministro quer do Rei, esta questão resolver-se-ia", até porque como explica "a Constituição não permite um referendo formal, teria de ser alterada, mas não há nada que impeça uma consulta popular".
Marisa Matias duvida que o governo regional da Catalunha vá voltar atrás face ao referendo. "Acho que as autoridades da Catalunha não vão desistir", até porque acredita que este braço-de-ferro "pode reforçar os sentimentos independentistas por parte da população" catalã.
Sobre a postura que Mariano Rajoy tem assumido, Marisa Matias deixa críticas.
"O Partido Popular não tem nenhuma expressão na Catalunha. Este é o seguro de vida de Mariano Rajoy. Enquanto conseguir manter este braço-de-ferro, enquanto agudizar a tensão, é uma garantia de que vai continuar, vai seguir governando e que não existe nenhuma alternativa no estado espanhol. Ele não faria isto noutra região espanhola, faz ali porque sabe que não tem nada a perder".