"Estamos ao lado da posição de Espanha quanto ao referendo", sublinhou o ministro porta-voz do Governo marroquino, Mustafa Jalfi, numa conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros.
Jalfi escusou-se a fazer mais comentários sobre esse assunto, mas recordou que este apoio à "posição de Espanha" é coerente com "as constantes que regem a política externa marroquina".
É a primeira vez que um responsável marroquino se pronuncia expressamente sobre o referendo catalão, enquanto a imprensa do país tem dedicado numerosos artigos ao momento que a Espanha vive, com um tom quase sempre contrário à realização da consulta.
Marrocos tem como linha de atuação externa a oposição a qualquer movimento de secessão ou independência, na Europa e no mundo em geral, do mesmo modo que reclama apoio para a sua soberania sobre o Saara Ocidental, onde rejeita a possibilidade de um referendo de autodeterminação exigido pela Frente Polisario.
O referendo sobre a independência da comunidade autónoma espanhola da Catalunha, convocado pelo governo regional catalão (Generalitat), foi travado pelo Tribunal Constitucional de Espanha.
A mesma instância judicial suspendeu também a 12 de setembro a chamada "lei da transitoriedade", aprovada na semana anterior pelo parlamento regional catalão, que permitiria pôr em marcha um novo Estado em forma de república, e da qual o Governo de Madrid apresentou recurso.
O recurso apresentado pelo executivo espanhol contra essa lei considera a norma "a maior afronta e ameaça" às bases sobre as quais assenta a convivência em Espanha desde 1978 (data da Constituição espanhola) e o "maior ataque concebível" aos valores democráticos.
A quase uma semana da consulta popular, que ainda não se sabe se se vai realizar, tem aumentado a tensão entre os separatistas da Catalunha e as instituições espanholas que tentam impedir a realização do referendo.
A polícia espanhola apreendeu na quarta-feira, nos arredores de Barcelona, quase 10 milhões de boletins de voto que iam ser utilizados no referendo de 1 de outubro, e numa outra operação revistou uma série de edifícios do Governo regional e deteve 14 pessoas alegadamente envolvidas na preparação da consulta popular.