OCDE diz que "onda de populismo" ameaça Agenda 2030
O Secretário-geral da OCDE afirmou hoje, em Lisboa, que uma "onda de protecionismo e populismo, bem como um sentimento antiglobalização" está a ameaçar a exequibilidade da Agenda 2030, no quadro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
© Reuters
Mundo Angel Gurría
Angel Gurría, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), discursava na 49.ª Reunião do Tidewater, que termina na terça-feira em Lisboa, na presença de 36 delegações de vários países, organizações internacionais, bancos, organizações não-governamentais e da sociedade civil.
"Em 2015, a comunidade internacional trouxe esperança às atuais e futuras gerações quando aprovou a Agenda 2030 e os ODS, o Acordo de Paris, a Agenda de Ação de Adis Abeba e vários passos decisivos para pôr cobro à evasão fiscal e outras más praticas", afirmou.
"Ano e meio depois, uma onda de protecionismo, populismo e um sentimento antiglobalização está a ameaçar esta visão ambiciosa. A esperança, de que tomamos quase como garantida antes da crise, está a ser questionada", alertou Angel Gurría.
Para o secretário-geral da OCDE, a mensagem a transmitir hoje "é clara" e passa pela necessidade de todos unirem esforços.
"Não temos outra opção. Temos de concretizar a Agenda 2030. Para o fazer, precisamos de parcerias mais fortes do que nunca", frisou, lembrando que a ajuda aos países em desenvolvimento está no bom caminho, pois aumentou 8,9%, subindo para 143 mil milhões de dólares (125 mil milhões de euros).
Angel Gurría admitiu, porém, que, apesar dos esforços, ainda há muito a fazer, sobretudo pelos mais de mil milhões de pessoas que ainda vivem na pobreza, sendo também necessário combater as desigualdades, que se acentuaram sobretudo nas áreas da educação e saúde.
Segundo o secretário-geral da OCDE, a ajuda bilateral aos países em desenvolvimento caiu 3,9% desde 2015, o que significa que o apoio a África também diminuiu. "Temos de reverter essa tendência", alertou.
Angel Gurría garantiu "total disponibilidade" da OCDE nos esforços para cumprir o estipulado na Agenda 2030, lembrando que a organização que lidera já trabalha de perto com as Nações Unidas, sobretudo com a ECOSOC, para modernizar o modo como o apoio financeiro ao desenvolvimento é medido.
Por outro lado, destacou, a OCDE também tem parcerias com a ONU em áreas como a criação da instituição Inspetores de Finanças Sem Fronteiras, que visa assegurar que a assistência das duas organizações tenha verdadeiro impacto nos países alvo.
Segundo Angel Gurría, vários especialistas da OCDE estão já à disposição dos países desenvolvidos para os apoiar na elaboração de planos de implementação dos ODS, dentro e fora da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
O apoio à migração e aos refugiados são também alvo da atenção da organização, que publicou na semana passada, lembrou Angel Gurría, a 41.ª Edição do Outlook da OCDE sobre Migração Internacional.
"Temos de cumprir os compromissos que assumimos em 2015. Temos de reconquistar a confiança onde ela foi perdida. Temos de manter o foco nas gerações futuras, bem como nas atuais. E temos de demonstrar, através das nossas ações, que todos beneficiarão com uma forte cooperação internacional", concluiu.
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