O Ministério dos Negócios Estrangeiros indicou que a visita à Austrália de Joko Widodo, que deveria ter lugar entre domingo a terça-feira, vai ser remarcada porque "o atual desenvolvimento exige que o Presidente fique na Indonésia".
Joko Widodo fez um discurso à nação na noite de sexta-feira após os violentos confrontos entre a polícia antimotim e os islamitas que recusaram abandonar o local.
As dezenas de milhares de islamitas manifestavam-se contra o governador de Jacarta, exigindo a sua prisão por alegada blasfémia.
A polícia indicou que um idoso morreu na sequência de um ataque de asma, depois de ter sido exposto a gás lacrimogénio, e que outras 12 pessoas ficaram feridas, incluindo oito militares.
O Presidente da Indonésia culpou os "atores políticos" por tirarem proveito do protesto convocado pela Frente dos Defensores do Islão (FPI).
A FPI acusa o governador de Jacarta, Basuki Tjahaja Purnama, um cristão de origem chinesa, de ter recentemente insultado o Islão.
O governador, conhecido pelo seu modo franco de falar, é acusado de blasfémia contra o Islão, numa declaração feita no final de setembro, em que classificou como errada a interpretação de alguns ulemas (teólogos muçulmanos) de um versículo do Alcorão, segundo a qual um muçulmano só deve eleger um dirigente muçulmano.
Perante a dimensão tomada pela polémica, alimentada por fundamentalistas islâmicos, o governador, alcunhado como Ahok, apresentou publicamente um pedido de desculpas.
Mas a ira de alguns grupos radicais, como o FPI -- grupo islâmico radical que tem muitos adeptos na Indonésia -- não diminuiu.
Uma anterior manifestação tinha já concentrado cerca de 10.000 participantes, a 14 de outubro, em Jacarta, contra o governador candidato à reeleição em fevereiro próximo.