Nyusi apela à população para não se distrair com crise político-militar
O Presidente moçambicano apelou hoje à população para que não se distraia com a crise político-militar que se sente no país, e pediu determinação para transformar a agricultura familiar em comercial e criar independência alimentar.
© Reuters
Mundo Moçambique
"Não devemos perder concentração da nossa agenda, que é criar o bem-estar da população", declarou Filipe Nyusi, durante um comício no recém-criado distrito de Macate, no fim da sua visita de três dias à província de Manica, no centro de Moçambique.
"Os outros querem-nos desviar, para pensarmos só na guerra e não cumprirmos a nossa agenda de desenvolvimento", observou o Presidente da República, numa alusão à Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido de oposição.
Numa reunião realizada no sábado com Filipe Nyusi, agricultores de Manica queixaram-se de que a crise político-militar está a causar perdas agrícolas, devido a restrições nos acessos e escoamento das colheitas em zonas de confrontos, agravando o endividamento dos produtores.
Dados apresentados pelos agricultores indicam que a produção baixou 7,7%, ao atingir, na primeira época, cerca de 2,6 milhões de toneladas.
No balanço da sua visita, Filipe Nyusi, disse que a amostra dos quatro distritos por onde passou na província de Manica exibe esperança e desempenho, sublinhando a necessidade de se concentrar numa agricultura capaz de competir a nível internacional.
"Manica é um celeiro que pode alimentar o país e contribuir na balança da economia", disse o Presidente moçambicano, numa conferência de imprensa que marcou o final da sua visita à província.
A região centro de Moçambique tem sido a mais atingida por episódios de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, existindo denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de uma série de ataques nas últimas semanas, em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da mineira brasileira Vale.
Na madrugada de sexta-feira, as autoridades revelaram um ataque de homens armados da Renamo, na vila sede do distrito de Morrumbala, na Zambézia, centro de Moçambique, que se seguiu a outras investidas denunciadas em Mopeia, na mesma província, e também a localidades em Niassa, no norte do país.
Durante a visita de Nyusi a Manica, registaram-se pelo menos dois ataques na província, atribuídos pelas autoridades a homens armados da Renamo, um dos quais contra carros da Rádio Moçambique e Televisão de Moçambique.
Apesar da frequência de casos de violência política, as duas partes voltaram ao diálogo em Maputo, com a presença de mediadores internacionais, mas ainda não são conhecidos avanços.
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