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"China está pronta para entender que África não é um único país"

A China está pronta para entender que África não é um único país, considerando que a potência asiática constitui uma alternativa ao "monopólio do ocidente", defenderam hoje investigadores à margem de uma conferência em Maputo sobre relações sino-africanas.

"China está pronta para entender que África não é um único país"
Notícias ao Minuto

18:43 - 07/12/15 por Lusa

Mundo Investigador

"A China começa a mostrar que está pronta para entender que África não é um único país, mas é um mundo diversificado e com espaço para investimentos", disse à Lusa o pesquisador Elling Tjonneland, do Chr. Michelsen Institute (CMI), à margem de uma conferência sobre a presença chinesa no continente africano, organizada hoje pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) em Maputo.

Para Elling Tjonneland, o recente anúncio do Governo de Pequim, no Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), na África do Sul, prevendo cerca de 60 mil milhões de dólares (55 mil milhões de euros) em assistência e empréstimos aos países africanos, revela um interesse por parte da potência asiática em estreitar relações duradoiras com os países africanos.

"A China é, sem dúvida, uma nova alternativa para os países africanos, uma alternativa ao monopólio do Ocidente", salientou Elling Tjonneland, acrescentando que o facto de o Governo chinês não se envolver em assuntos de carácter político domésticos é um forte atrativo no que respeita à sua atuação em África.

Além do apoio e parcerias económicos, prosseguiu o investigador, a China tem disponibilizado bolsas de estudo para estudantes dos países africanos, numa iniciativa que visa também a troca de experiências na área científica entre as partes.

Embora a presença chinesa seja cada vez mais nítida em África, com mais de 1, 5 milhões de chineses no continente, segundo estimativas avançadas durante o encontro, a China é, em muitos casos, associada a aspetos negativos, nomeadamente maus tratos a trabalhadores e incumprimento das regras laborais por parte de algumas empresas daquele país asiático.

Li Anshan, professor da Universidade de Pequim, por sua vez, admitiu à Lusa a existência deste problema, considerando, no entanto, que é preciso não generalizar os casos.

"A China não tem nenhum histórico de colonização de outros povos", afirmo Li Anshan, acrescentando que este é o momento ideal para que mais empresas chinesas invistam em Moçambique, como forma de dar mais alternativas aos países africanos no panorama do mercado internacional.

Para Sérgio Chichava, do IESE, a presença chinesa em África constitui uma grande oportunidade e, atualmente, cabe às autoridades africanas desenhar políticas que salvaguardem os interesses dos seus estados.

"Por exemplo, para Moçambique, o mais importante é que as elites políticas nacionais não adotem políticas em benefício de uma parte da população", afirmou, salientando que as principais críticas à presença chinesa em África são feitas pelo Ocidente, que se sente ameaçado com a expansão do "tigre asiático em África".

"Todos os países que cá estão têm interesses, tal como China", declarou, acrescentando que o mais importante é que Moçambique garanta que as relações com o Governo de Pequim tragam ganhos para os dois lados.

O Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou no FOCAC, realizado na semana passada nos arredores de Joanesburgo, que vai conceder 60 mil milhões de dólares (55 mil milhões de euros) em assistência e empréstimos aos países africanos.

"A China decidiu providenciar um total de 60 mil milhões de dólares em fundos de apoio, que inclui cinco mil milhões em empréstimos isentos de juros e 35 mil milhões para empréstimos concessionais e crédito à exportação, com condições preferenciais", disse Xi.

A China tornou-se em 2009 o principal parceiro comercial do continente africano, evidenciando o enorme "apetite" do país por matérias-primas.

Em junho, a vice-ministra do Comércio da China, Gao Yan, anunciou em Maputo uma verba de 5 mil milhões de dólares (4,4 mil milhões de euros) para investimentos chineses em Moçambique, durante os próximos anos.

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