Mergulhadora em apneia alcança recordes enquanto alerta para degelo

A nadadora e mergulhadora francesa Aurore Asso, de 36 anos, alcançou, na quarta-feira e no domingo, dois novos recordes mundiais femininos em natação e mergulho sob o gelo na Gronelândia, para alertar para os efeitos do aquecimento global.

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Lusa
04/05/2015 18:36 ‧ 04/05/2015 por Lusa

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França

Aurore Asso, uma engenheira agrónoma de Nice, membro da seleção francesa de apneia e já campeã em França naquela modalidade, percorreu na quarta-feira 112 metros em apneia dinâmica (natação horizontal) sob o gelo da Gronelândia em 1,47 minutos, batendo o recorde anterior, de 110 metros, que pertencia à turca Sahica Erkumen e fora conquistado em 2011 num lago gelado da Áustria.

No domingo, Aurore gastou 2,7 minutos a atingir a profundidade de 57 metros em "peso constante" (mergulho à força de braços e pernas sem tocar no cabo de guia), distância vertical para o abismo sob o gelo que nunca fora alcançada por uma mulher.

Os dois recordes foram obtidos em Ikerasak, na costa sudoeste da Groenlândia, com água a 1,5 graus Celsius e sob o controlo de um júri austríaco da Associação para o Desenvolvimento da Apneia, tendo a desportista francesa estado sempre equipada com um fato isotérmico e uma barbatana única para os dois pés.

"Cavámos buracos no gelo, que tinha 50 centímetros de espessura, para que eu pudesse mergulhar", disse Aurore Asso por telefone à AFP, acrescentando que "a apneia no gelo é desafiadora", pois "o corpo entra num estado de sobrevivência" perante "o stresse permanente e o frio cortante", sendo impossível a "entrega total, um dos segredos para atingir a profundidade quando as águas são acolhedoras".

Perante as condições na Gronelândia, "entram em ação mecanismos fisiológicos diferentes e a fadiga mental devido ao investimento feito em cada mergulho é mais forte", esclareceu.

Asso, sensível à sobrevivência dos ecossistemas em perigo, empenhou-se nesta aventura polar como parte de um projeto maior, que batizou de "Um fôlego para o Ártico".

"Estes recordes mundiais são um pretexto para mostrar a beleza e fragilidade do gelo, cujo recuo progressivo é um relevante sinal do aquecimento global", explicou a engenheira agrónoma, que se fez acompanhar de marinheiros e mergulhadores no âmbito da expedição "Sob o Pólo II", iniciada em 2011 e que dá continuidade a "Sob o Pólo I", em que diversos mergulhos foram realizados sob o gelo.

Os novos dois recordes terão de ser validados no 'Guinness Book of Records', pois não existe a categoria de "mergulho sob o gelo" na Associação para o Desenvolvimento da Apneia.

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