O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu, esta quinta-feira, que Espanha fosse expulsa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). Em causa está uma desavença que Washington e Madrid tiveram no início do verão sobre a percentagem do PIB a usar na Defesa da Aliança.
"Tivemos um [país] 'laggered' [calão para 'quem ficou para trás'. Têm de os encontrar e perguntar por que razão eles são 'atrasados'. Mas estão bem também, por causa de muitas coisas que fizemos. Não têm desculpa para não fazer isto, mas está tudo bem: Talvez os devessem expulsar da NATO", referiu Trump na Sala Oval, na Casa Branca, ao lado do homólogo finlandês, Alexander Stubb.
Em causa estava o plano de despesa da NATO de 5% do PIB, que Madrid rejeitou pagar em junho deste ano.
"Vamos trabalhar de forma próxima com a Finlândia e também com a NATO. Pedi que pagassem 5% e não 2%, a maioria achou que não aconteceria, mas aconteceu praticamente de forma unânime", começou por dizer, falando depois da 'nega' de Espanha, que acabou por se resolver com um acordo.
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O que se passou?
O compromisso de aumentar as despesas com a defesa para 5% do PIB nacional de cada país da NATO até 2035 seria dividido em 3,5% para investimentos militares e 1,5% para infraestruturas de todos os tipos, desde estradas a redes de comunicação que possam ser usadas para fins militares, incluindo também uma cláusula de revisão das despesas e das necessidades de defesa dentro de quatro anos, em 2029.
Espanha, no entanto, não concordou, chegando mesmo a pressionar e ameaçar quebrar o consenso caso não lhe fosse concedida flexibilidade suficiente para decidir sobre o aumento das despesas militares que, na opinião dos governantes do país, devem ser muito inferiores no caso espanhol.
A posição quase fez descarrilar o êxito que se adivinhava para este encontro, a Cimeira de Haia de 2025. Note-se que o encontro entre os líderes da Aliança teve como objetivo enviar à Rússia a mensagem de que, apesar dos altos e baixos visíveis, a NATO continua unida e pronta a investir na Defesa, por forma a desencorajar Moscovo a avançar com qualquer tentativa de ataque.
Já na altura, Trump criticou Espanha, dizendo que o país era "um problema" de "injustiça" por recusar tal ambição, em comparação com os "restantes" aliados.
Já a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, foi das poucas líderes que se pronunciou publicamente sobre o assunto, afirmando que, apesar das "diferentes opiniões públicas internas" na Europa, é "sempre possível chegar a acordo".
"Quero dizer, somos 27 democracias no que respeita à União Europeia, por isso é claro que temos sempre questões diferentes e também temos opiniões públicas internas diferentes", disse Kallas aos jornalistas na altura.
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