As Forças de Defesa de Israel (IDF) levaram a cabo, durante esta terça-feira, um ataque contra altos dirigentes do grupo islamita palestiniano Hamas, em Doha, capital do Qatar. O ataque já foi condenado pelas autoridades locais e pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
O ataque ocorreu ao início da tarde desta terça-feira, altura em que foram registadas explosões em Doha, onde vivem responsáveis do Hamas.
Pouco tempo depois, Israel adiantou que "o exército e o serviço de segurança interna [Shin Bet] efetuaram um ataque dirigido contra os altos dirigentes da organização terrorista Hamas", sem especificar o local.
Ainda antes de Israel reivindicar o ataque em Doha, o Qatar divulgou um comunicado a condenar o ataque contra a sede do Hamas, considerando que o "ataque criminoso constitui uma violação flagrante de todas as leis e normas internacionais".
"O Estado do Qatar condena veementemente o ataque covarde perpetrado por Israel, que teve como alvo edifícios residenciais onde residem vários membros do bureau político do Hamas", escreveu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Majed al-Ansari, no X.
The State of Qatar strongly condemns the cowardly Israeli attack that targeted residential buildings housing several members of the Political Bureau of Hamas in the Qatari capital, Doha. This criminal assault constitutes a blatant violation of all international laws and norms,…
— د. ماجد محمد الأنصاري Dr. Majed Al Ansari (@majedalansari) September 9, 2025
Pouco tempo depois, as Forças de Defesa de Israel e a Agência de Segurança de Israel reivindicaram "um ataque preciso contra a liderança da organização terrorista Hamas", justificando que "durante anos, estes membros da liderança do Hamas dirigiram operações da organização terrorista".
Também o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, fez questão de vir dizer que Israel agiu de "forma independente" no ataque.
"A ação de hoje contra os principais líderes terroristas do Hamas foi uma operação totalmente independente levada a cabo por Israel. Israel iniciou-a, Israel levou-a a cabo e Israel assume toda a responsabilidade por ela", frisou nas redes sociais.
Prime Minister's Office:
— Benjamin Netanyahu - בנימין נתניהו (@netanyahu) September 9, 2025
Today's action against the top terrorist chieftains of Hamas was a wholly independent Israeli operation.
Israel initiated it, Israel conducted it, and Israel takes full responsibility.
Já o líder da oposição israelita, Yair Lapid, felicitou o exército do país por "uma operação extraordinária", aludindo ao ataque contra a liderança do Hamas.
"Parabéns à Força Aérea, às FDI (Forças de Defesa de Israel), ao Shin Bet [agência de inteligência interna] e a todas as forças de segurança por uma operação extraordinária para frustrar o nosso inimigo", escreveu Lapid na conta pessoal na rede social X.
מברך את חיל האוויר, צה״ל, שב״כ וכל כוחות הביטחון על פעולה יוצאת דופן לסיכול אויבנו 🇮🇱
— יאיר לפיד - Yair Lapid (@yairlapid) September 9, 2025
Israel terá informado EUA do ataque. Alvos? Negociadores de cessar-fogo
Um responsável do Hamas em Gaza adiantou que Israel atacou os negociadores do grupo islamita palestiniano reunidos em Doha para discutir a proposta de cessar-fogo avançada pelo presidente norte-americano.
"Num novo crime sionista, a delegação negocial do Hamas foi atacada enquanto se reunia em Doha para discutir a proposta do Presidente [Donald] Trump de cessar-fogo na Faixa de Gaza", disse a mesma fonte, que não quis ser identificada, citada pela agência de notícias francesa AFP.
Também vários meios de comunicação social israelita, entre eles a televisão pública israelita Kan, avançaram que Israel informou os Estados Unidos sobre o ataque.
Cinco pessoas morreram, mas líderes do Hamas sobreviveram ao ataque
O Hamas anunciou hoje que cinco membros do movimento islamita palestiniano morreram na sequência do ataque israelita a Doha, no Qatar, mas ressalvou que os responsáveis da delegação de negociação sobreviveram.
"Confirmamos que o inimigo não conseguiu assassinar os nossos irmãos da delegação de negociação. Entretanto, vários dos nossos irmãos mártires ascenderam aos mais altos postos de glória", declarou o grupo num comunicado, que inclui os nomes dos cinco mortos.
"Criminosos", "flagrante violação". As reações ao "brutal ataque"
O secretário-geral da ONU, António Guterres, já condenou o ataque e considerou tratar-se de uma "flagrante violação da soberania e da integridade territorial do Qatar".
O presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmud Abbas, por seu turno, afirmou que o "brutal ataque" ameaça a "estabilidade regional", de acordo com um comunicado.
Já o Irão, principal apoiante do Hamas, considerou que os ataques são "um ato extremamente perigoso e criminoso", além de visarem a soberania do Qatar.
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abulghit, também condenou o ataque israelita contra altos dirigentes do grupo islamita palestiniano Hamas em Doha, considerando, tal como as restantes reações, que se trata de "uma violação flagrante e completamente inaceitável" da soberania do Qatar.
Em Portugal, o Governo já veio afirmar que está a acompanhar de perto a situação no Qatar e indicou que os cidadãos portugueses residentes em Doha se encontram bem.
[Notícia atualizada às 20h02]
Leia Também: Netanyahu diz que Israel agiu de "forma independente" no ataque em Doha