O senado mexicano foi palco de um momento de agressão entre dois senadores, na quarta-feira, após um debate sobre a possível intervenção militar dos Estados Unidos no México contra cartéis de droga.
A sessão parlamentar já tinha terminado, e os parlamentares cantavam o hino nacional, quando Alejandro Moreno, líder do Partido Revolucionário Institucional (PRI) da oposição, se dirigiu ao presidente do senado e líder do partido Morena, que governa, Gerardo Fernández Noroña e ambos se envolveram numa discussão acesa.
Segundo a CBS News, Moreno estaria zangado por não lhe ter sido dada a palavra para intervir durante o debate. "Eu estou a pedir para me deixar falar", disse o líder do PRI, agarrando no braço no presidente do senado, citado pela Reuters.
"Não me toques", responde Noroña, que, em defesa, tenta soltar-se.
Nesse momento, Moreno empurra Noroña, repetidamente, e chega mesmo a agredi-lo no rosto, como se pode ver no vídeo, que foi, posteriormente, publicado pela página do próprio senado do México.
O líder do partido que governa avisa o senador e vira costas, altura em que um fotógrafo parlamentar se posiciona entre os dois e acaba por ser também empurrado por Moreno, caindo no chão.
Mais tarde, foram publicadas imagens do mesmo homem com o braço ao peito e com um colar cervical no pescoço.
© @Javier_Alatorre
Pode ver o vídeo do momento na galeria acima.
Mais tarde, Noroña afirmou que Moreno "começou a puxar-me a tocar-me, a empurrar. Ele bateu-me e disse: 'Eu vou-te espancar, vou-te matar'".
Noroña vai pedir expulsão. Moreno diz que não começou o confronto
Numa publicação na rede social X, o presidente do senado acrescentou ainda que os membros do PRI vão alegar, em defesa, que o que fizeram foi uma forma de "liberdade de expressão".
Como Buenos ahorros que son los legisladores del @PRI_Nacional subieron a agredirme físicamente. Montoneros. Dirán que eso es libertad de expresión.
— Fernández Noroña (@fernandeznorona) August 27, 2025
Já Moreno, também numa publicação no X, argumentou que havia um planeamento aprovada, que contava com uma intervenção sua, e que "minutos antes, Morena [o partido que governa] mudou o plano para sua conveniência, para nos calar e evitar que a oposição se pudesse pronunciar".
"Era a sua obrigação darem-me a palavra e não o fizeram. Esta cobardia depois teve resposta. O que é claro: a primeira agressão física partiu de Noroña. Ele empurrou-me primeiro", defendeu o líder da oposição.
Hoy en la Cámara de Senadores pasó lo que todos vieron, y es importante explicarlo con claridad.
— Alejandro Moreno (@alitomorenoc) August 27, 2025
Había un orden del día aprobado. Minutos antes de llegar al punto correspondiente, Morena lo cambió a su conveniencia para callarnos y evitar que la oposición pudiera pronunciarse.…
Noroña garantiu que vai convocar uma sessão de emergência na sexta-feira, dia 29 de agosto, para propor a expulsão de Moreno e ainda de outros três senadores do PRI pelo confronto.
Noroña e Moreno estão envolvidos em controvérsias
Tanto Noroña como Moreno estão envolvidos em polémicas no México. Atualmente, Moreno enfrenta uma possível destituição por alegados crimes de corrupção entre 2015 e 2019 quando era governador do estado de Campeche.
Já Noroña tem sido amplamente criticado devido a relatos de que possui uma casa de luxo, numa altura em que a presidente do México apelou a todos os funcionários públicos para viverem de forma modesta.
A discussão entre os dois parlamentares terá acontecido após uma sessão que debatia a possibilidade de os Estados Unidos combaterem militarmente contra os carteis de droga em solo mexicano.
EUA querem enviar militares para o México para combater o tráfico de droga
Segundo a imprensa local, o presidente norte-americano já terá dado essas mesmas ordens ao Pentágono, para que todas as organizações consideradas terroristas pelos Estados Unidos sejam eliminadas. A medida faz parte de uma das promessas de Donald Trump, neste caso, o combate ao tráfico de droga.
Até ao momento, o México tem mantido que “não vai aceitar a operação de forças militares norte-americanas” no território, com a presidente mexicana a insistir, no início deste mês, que “não vai haver invasão” do país.
A oposição mexicana é acusada de querer a intervenção norte-americana no México. A administração de Donald Trump considerou oito grupos de tráfico de droga como organizações terroristas: seis são mexicanos.
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