Os dois incidentes ocorrem a um ano das eleições presidenciais, processo que está, para já, marcado pela morte a tiro, no passado dia 11 de agosto, do favorito da direita, o senador Miguel Uribe, em consequência de um atentado.
Na tarde de quinta-feira, um camião-bomba explodiu perto de uma base aérea em Cali (sudoeste do país), terceira maior cidade da Colômbia, causando, pelo menos, seis mortos e 60 feridos, segundo as autoridades.
O presidente da câmara local, Alejandro Éder, denunciou o que classificou como um "ataque narcoterrorista" e pediu a "militarização" da cidade.
Imagens nas redes sociais mostraram várias pessoas no chão, a ser atendidas pelos serviços de emergência, após a explosão, bem como um camião em chamas, vários veículos danificados e muitas janelas estilhaçadas.
O ministro colombiano da Defesa, Pedro Sanchez, acusou o grupo armado Estado Mayor Central (EMC), um grupo dissidente das Farc, como responsável, denunciando o "ataque terrorista (...) injustificável contra a população civil de Cali".
"Este ataque covarde contra civis é uma reação desesperada perante a perda de controlo do narcotráfico" na região, disse.
O presidente da câmara de Cali anunciou a proibição da circulação de camiões na cidade e ofereceu uma recompensa de 10.000 dólares (8.630 euros) por qualquer informação que possa levar à detenção dos responsáveis.
Pela manhã, num ataque separado em Amalfi, departamento de Antioquia, a cerca de 150 quilómetros de Medellín, confrontos e um ataque com drones a um helicóptero da brigada antidroga da polícia colombiana causaram mais de uma dezena de vítimas.
O Presidente colombiano, Gustavo Petro, também atribuiu a autoria deste ataque ao EMC, descrevendo-o como uma "reação terrorista" a uma ofensiva do exército colombiano na região do Cañón del Micay, no departamento vizinho de Cauca, contra o grupo armado.
O balanço de doze policias mortos foi avançado por Andrés Julián Rendón, governador do distrito de Antioquia, na noite de quinta-feira.
Imagens partilhadas nas redes sociais mostraram o helicóptero sobrevoando a região, seguido de uma detonação e da sua queda.
Andrés Julián Rendón atribuiu a autoria deste ataque ao grupo guerrilheiro Calarca, uma guerrilha batizada com o nome de guerra do seu líder, surgida de uma cisão do EMC.
No poder desde 2022, e ele próprio um antigo guerrilheiro, o Presidente colombiano de esquerda, Gustavo Petro, tentou relançar as negociações de paz com a maioria dos grupos armados que operam na Colômbia, seis anos após o acordo histórico concluído com as Farc.
A maioria destas negociações falhou ou encontra-se atualmente num impasse. Em 2023, o EMC apoiou essas negociações, mas o seu líder, Ivan Mordisco, abandonou a mesa de negociações um ano depois.
Em junho, uma série de ataques matou cinco civis e dois polícias no sudoeste do país. O EMC reivindicou a autoria dos ataques.
Os ataques foram condenados pelo Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Colômbia, que instou os grupos armados não estatais a "respeitarem os direitos humanos e o direito internacional humanitário (DIH), em particular, o princípio da distinção", que obriga a diferenciar entre combatentes e população civil, para evitar ataques contra pessoas não envolvidas no conflito.
"Apelamos ao Estado para que atenda as vítimas e avance com as investigações pertinentes para esclarecer os factos e garantir a justiça", acrescentou o escritório da ONU em Bogotá.
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