"O Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional da República do Sudão do Sul refuta veementemente as recentes notícias da imprensa que afirmam que o Governo da República do Sudão do Sul está em conversações com o Estado de Israel sobre a realocação de cidadãos palestinianos de Gaza no Sudão do Sul", declarou o departamento num comunicado.
Segundo a nota de imprensa, tais afirmações "carecem de fundamento e não refletem a posição nem a política oficial do Governo da República do Sudão do Sul", pelo que o ministério instou os meios de comunicação social a "agirem com a devida diligência e a verificarem as informações através dos canais oficiais".
A comunicação social norte-americana noticiou nas últimas horas, com base em declarações de fontes que solicitaram o anonimato, que Israel está a manter conversações com o Sudão do Sul para avaliar a possibilidade de instalar os palestinianos da Faixa de Gaza no país africano, numa nova tentativa de expulsar a população do enclave devastado por 20 meses de guerra.
O Governo israelita já anteriormente manifestou a intenção de realojar a população de Gaza noutros países, como o Egito ou a Jordânia, o que desencadeou uma onda de condenações por parte da comunidade internacional e dos próprios palestinianos, que consideram esses planos uma forma de expulsão forçada das suas terras.
Isto ocorreu no mesmo dia em que a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, Sharren Haskel, realiza a primeira visita oficial de um representante do Governo israelita ao Sudão do Sul, onde se reunirá com o Presidente, Salva Kiir, e outros altos responsáveis do executivo sul-sudanês.
Nos últimos meses, o Sudão do Sul tem feito esforços para aumentar as suas relações com Israel com o objetivo de estreitar laços com os Estados Unidos que levem ao levantamento das sanções e de outras medidas impostas a alguns líderes do país africano.
Desde a sua independência do Sudão, em 2011, o país passou por múltiplas crises e ainda está a tentar superar a guerra civil que, entre 2013 e 2018, fez cerca de 400.000 mortos e provocou uma catástrofe humanitária.
De acordo com um relatório do Banco Mundial de dezembro passado, a pobreza no Sudão do Sul é endémica e a vulnerabilidade é "quase universal, após uma década de declínio económico no país mais jovem do mundo", onde 76% da população vive abaixo do limiar da pobreza, enquanto a pobreza extrema --- aqueles que vivem com menos de 2,15 dólares (1,83 euros) por dia --- afeta mais de dois terços da população.
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