A fonte, que solicitou anonimato à agência EFE, adiantou que o Hamas também se mostrou "flexível" quanto ao futuro da administração da Faixa de Gaza e elogiou o "entendimento" e "o clima positivo" nas conversações que uma delegação da formação palestiniana mantém desde terça-feira no Cairo, sobre uma nova proposta para um cessar-fogo com Israel.
Segundo a fonte, a "flexibilidade" demonstrada pela delegação do Hamas relativamente à eventual presença de forças internacionais e árabes em Gaza, com tarefas específicas até que a polícia esteja equipada e se restabeleça a segurança "reflete um entendimento de princípios e um clima positivo".
A fonte adiantou, por outro lado, que o Cairo "compreende" a insistência do Hamas em manter "a arma da resistência nesta fase" e indicou que haverá um acordo sobre quadros específicos da missão das forças internacionais que entrarão na Faixa, bem como sobre a natureza das ações da resistência, que deverá respeitar a trégua e não iniciar ataques contra as forças israelitas.
A nova proposta, elaborada com o apoio da Turquia, inclui a libertação de todos os reféns israelitas em troca da de prisioneiros palestinianos em Israel, além da suspensão do braço militar do Hamas no âmbito de um entendimento sobre o futuro de Gaza, disse à EFE, na terça-feira, uma fonte de segurança egípcia.
A proposta contém também, entre outros pontos, um calendário para a retirada israelita de Gaza sob supervisão árabe e norte-americana, até que se alcance uma solução para os problemas da administração da Faixa e o desarmamento do Hamas.
Segundo a fonte próxima das conversações, citada também pela EFE, o Egito e a Jordânia, com o apoio da Turquia, estão a pressionar o Hamas para aceitar um acordo global que ponha fim à guerra e conduza, numa determinada fase, ao desarmamento da resistência, numa referência ao movimento de resistência islâmico e a outras fações e milícias palestinianas operacionais em Gaza.
A fonte sublinhou ainda que responsáveis dos serviços de informações egípcios informaram a delegação do Hamas da proposta abrangente para pôr fim à guerra através de um acordo em duas fases.
A primeira inclui um entendimento para a troca de todos os detidos, prisioneiros palestinianos e reféns israelitas, e a segunda, um mecanismo para garantir a segurança de Gaza no futuro.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, Varsen Aghabekian, apoiou hoje a possibilidade de um grupo de países que, em conjunto com as Nações Unidas, possam estabelecer uma "missão de paz" na Faixa de Gaza.
A ministra, que não especificou nem os pormenores nem o formato da eventual força internacional, referiu, em concreto, que França, Egito, Turquia, Jordânia, Itália e Reino Unido poderiam formar uma "força de estabilização" em Gaza em paralelo com a ONU.
As declarações da ministra palestiniana ocorrem depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter defendido uma "força internacional temporária de estabilização" para o território palestiniano, alvo de uma ofensiva israelita desde outubro de 2023.
Recentemente, o Governo israelita anunciou que vai assumir o controlo da cidade de Gaza, onde vivem cerca de um milhão de residentes, que seriam deslocados, uma medida criticada pela maioria da comunidade internacional, pela União Europeia e pelas Nações Unidas.
A ofensiva israelita em Gaza começou depois dos ataques do Hamas, no poder no enclave desde 2007, em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e perto de 250 foram feitas reféns, das quais cerca de 50, incluindo 20 com vida, permanecem detidas.
Desde então, a operação militar israelita causou já mais de 61 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas, perante acusações de genocídio por vários países e organizações.
A ONU tem alertado para uma situação de fome generalizada no enclave, onde Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária desde há meses e que retomou recentemente, apesar de a União Europeia (UE) e organizações humanitárias reclamarem que a quantidade é insuficiente para suprir as necessidades da população de mais de dois milhões de pessoas.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas como uma organização terrorista.
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