Síria reafirma compromisso com cessar-fogo após confrontos no sul do país

O Ministério do Interior da Síria reafirmou hoje o compromisso com o cessar-fogo acordado em julho após confrontos na província do sul de Al Suweida, que provocaram, pelo menos, quatro mortos, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

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© Hisam Hac Omer/Anadolu via Getty Images

Lusa
03/08/2025 18:32 ‧ há 2 horas por Lusa

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Em comunicado, o ministério denunciou a violação do acordo de cessar-fogo por grupos não identificados que lançaram "ataques traiçoeiros contra as forças de segurança em vários eixos" e bombardearam aldeias na província de Al Suweida, no sul do país.

 

O executivo não especificou o número de vítimas, mas o Observatório Sírio para os Direitos Humanos identificou, pelo menos, quatro mortos e dez feridos na sequência de confrontos no eixo de Tal Hadid, tomado por fações drusas e posteriormente recuperado pelas forças de Damasco.

O cessar-fogo, em vigor desde 20 de julho, tinha posto fim a uma semana de hostilidades entre drusos (uma minoria originária do islamismo xiita) e beduínos sunitas -- que causaram mais de 1.400 mortos, maioritariamente drusos --, mas a situação continua tensa e o acesso à província difícil.

Na primeira onda de violência desde 20 de julho, três membros das forças de segurança sírias foram mortos "em confrontos com fações locais no eixo de Tal Hadid, no oeste da província de Al Suweida", segundo o OSDH, que já tinha relatado a morte de um membro das fações locais.

De acordo com a organização, o conflito foi retomado nas imediações da cidade de Thaala, "após disparos de 'rockets' e armas pesadas a partir de zonas controladas pelas forças governamentais".

Fonte do Ministério do Interior, citada pela televisão estatal síria Al Ijabiriya, afirmou que o corredor humanitário de Busra al Sham -- por onde entra ajuda humanitária em comboios desde a vizinha Deraa até Al Suweida -- foi temporariamente encerrado até que a zona esteja segura.

A agência oficial síria SANA acusou grupos drusos fiéis ao influente líder espiritual Hikmat al-Hijri de terem violado o cessar-fogo ao atacarem tropas governamentais em Tal Hadid, onde um oficial das forças de segurança foi dado como morto.

As forças governamentais retomaram o controlo de Tal Hadid após os confrontos da manhã, segundo o OSDH.

Em 13 de julho, eclodiram confrontos entre clãs beduínos e grupos da minoria drusa, que mais tarde também enfrentaram tropas governamentais enviadas à região para restabelecer a segurança, e que resultaram em centenas de mortos e 175.000 deslocados.

"O Ministério do Interior continua com os seus esforços e deveres em Al Suweida, de acordo com a missão nacional de proteger os habitantes e garantir a chegada dos comboios de ajuda humanitária", afirmou o executivo sírio.

Na quinta-feira, o Ministério da Justiça da Síria ordenou a formação de um comité para investigar os detalhes e as circunstâncias que levaram ao início dos confrontos e da violência em Al Suweida, bem como os ataques e "violações" ocorridas durante esse período.

Desde a entrada em vigor do cessar-fogo, a estrada principal que liga Al Suweida a Damasco encontra-se cortada e grupos armados aliados ao governo controlam os arredores, dificultando a circulação, segundo o OSDH, que acusa as autoridades de impor um bloqueio à província "para dobrar a vontade dos seus habitantes".

Centenas de residentes de Al Suweida manifestaram-se na sexta-feira para exigir a retirada das tropas governamentais, enquanto o Governo sírio acusa grupos drusos de terem cortado a estrada.

As minorias étnicas e religiosas da Síria têm manifestado receio pela sua segurança desde que uma coligação rebelde liderada por islamitas derrubou, em dezembro, o regime de Bashar al-Assad após quase 14 anos de guerra civil desencadeada pela repressão a manifestações pró-democracia.

As novas autoridades sírias têm reafirmado o compromisso com o respeito pelos direitos de todos os grupos do país, mas mesmo antes dos confrontos em Al Suweida, os massacres ocorridos em março no bastião alauita do litoral sírio levantaram dúvidas sobre a capacidade de cumprir essa promessa.

Cerca de 1.700 pessoas, na sua maioria civis alauitas, foram então mortas, segundo o OSDH.

Leia Também: Novos confrontos na Síria após cessar-fogo: Há, pelo menos, dois mortos

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