Os visados são Micanor Altes, líder do gangue Wharf Jérémie, responsável pelo massacre de 207 pessoas em dezembro de 2024, Christ-Roi Chéry, líder do gangue Ti Bwa, e Jeff Larose, líder do gangue Canaan.
Os dois últimos foram acusados de ser "responsáveis pelo recrutamento forçado de crianças, rapto, homicídios e violência sexual e de género", de acordo com o comunicado do Conselho da União Europeia (UE).
Os três líderes serão sujeitos a um congelamento dos respetivos bens, e será proibido o fornecimento de fundos ou recursos económicos, direta ou indiretamente. Além disso será aplicada uma proibição de viajar para o espaço da União Europeia.
A alta-representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança da UE, Kaja Kallas afirmou que a crise "está a piorar no Haiti", adiantando que este momento de "grande instabilidade" necessita de apoio urgente da comunidade internacional.
O Conselho também renovou hoje o regime de sanções relativas ao Haiti por mais um ano, em concreto, até 29 de julho de 2026. Este quadro de medidas restritivas da UE abrange todos os responsáveis por ameaçar a paz, a estabilidade e a segurança do Haiti, ou por minar a democracia e o Estado de direito no país.
"A UE continua preocupada com as atividades criminosas persistentes e desestabilizadoras, incluindo os elevados níveis de violência de gangues, que minam a estabilidade na região", afirmou o Conselho da UE, a instituição que junta os Estados-membros do bloco.
A Polícia Nacional Haitiana e a missão internacional de Apoio Multinacional à Segurança (MSS), liderada pelo Quénia, têm lutado para obter avanços significativos no combate aos gangues e continuam a enfrentar desafios substanciais de financiamento e equipamentos.
Em 2024, a ONU registou mais de 5.600 mortes relacionadas com a violência de gangues (mais 20% do que em 2023), 1.500 sequestros, quase 6.000 casos de violência de género (incluindo 69% de agressões sexuais) e um aumento de 70% no número de crianças recrutadas à força por grupos armados.
Já nos primeiros três meses deste ano, mais de 1.600 pessoas, maioritariamente membros de gangues, foram mortas no Haiti, à medida que grupos criminosos tentaram expandir ainda mais o controlo territorial, segundo dados da ONU.
O Haiti, o país mais pobre das Américas e um dos mais carenciados do mundo, há muito que sofre com a violência de gangues criminosos, acusados de homicídio, violações, pilhagens e raptos, num contexto de grande instabilidade política.
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