"Vimos a decisão oficial [do Irão], que é obviamente preocupante. O secretário-geral [da ONU, António Guterres] tem sido consistente no seu apelo para que o Irão coopere com a AIEA", afirmou o porta-voz do secretariado da ONU, Stéphane Dujarric, em Nova Iorque.
A 25 de junho, um dia após o cessar-fogo entre o Irão e Israel anunciado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, depois de 12 dias de guerra, o parlamento iraniano votou de forma esmagadora a favor de um projeto de lei que proponha a suspensão da cooperação com esta agência da ONU responsável pela segurança nuclear, contra a qual Teerão fez inúmeras acusações.
O texto entrou hoje oficialmente em vigor após ter sido promulgado pelo Presidente iraniano, Massoud Pezeshkian.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, enfatizou em 26 de junho que a cooperação do Irão com a agência era "uma obrigação legal, enquanto o Irão permanecer signatário" do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
A decisão do Irão irritou Israel, um inimigo declarado de Teerão desde a Revolução Islâmica de 1979, com o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, a pedir à comunidade internacional para que "usasse todos os meios à disposição para acabar com as ambições nucleares do Irão".
O pedido do ministro israelita foi dirigido à Alemanha, França e Reino Unido, os três países europeus que - juntamente com a China e os Estados Unidos -- assinaram em 2015 um acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano. Gideon Saar instou os países europeus a "restabeleceram novamente todas as sanções contra o Irão" de forma imediata.
Este acordo tornou-se nulo e sem efeito após a retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018 e Teerão começou então a libertar-se das suas obrigações, nomeadamente ao nível do enriquecimento de urânio.
Berlim classificou a decisão iraniana de suspender a cooperação com a AIEA como um "sinal desastroso".
Alegando que a República Islâmica estava perto de desenvolver armas nucleares, Israel lançou uma ofensiva militar contra o Irão no passado dia 13 de junho, atingindo centenas de instalações nucleares e militares.
O Irão, que nega ambições de desenvolver uma bomba atómica, mas defende o seu direito de enriquecer urânio para fins civis, retaliou com ataques de mísseis e drones contra Israel.
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