A refém do Hamas Noa Argamani revelou, entre críticas, a forma como se sentiu ameaçada durante um evento para o qual tinha sido convidada, na Universidade de Windsor, no Canadá.
A jovem mulher é um dos rostos mais famosos dos reféns do Hamas, tendo sido sequestrada enquanto participava no festival de música Nova, no sul de Israel. Noa esteve refém durante cerca de 9 meses.
A mulher de 27 anos foi convidada para falar da sua experiência num conferência no dia 26 de junho, em Ontario. Contudo, a sua presença não agradou a todos e aquilo que acabou por acontecer deixou Noa em pânico.
Segundo relata a própria, dezenas de membros do grupo de apoio e solidariedade para com a Palestina desta mesma universidade cercaram todas as portas de entrada e saída da sala de conferências. “O Hamas está a caminho”, terão gritado os manifestantes, naquilo que a jovem considera ter-se tratado de uma atitude intimidatória.
“Recuso deixar os simpatizantes do terrorismo controlar a narrativa” começou por escrever Noa Argamani na sua conta no Twitter.
“O Hamas veio. O Hamas raptou-me. O Hamas matou amigos meu. Mas eu ganhei. Eu sobrevivi. E agora falo por aqueles que não podem falar”, prossegue, garantindo que continuará a denunciar os crimes do Hamas e que tudo fará pela libertação dos reféns, incluindo a do seu namorado Avinatan.
Hamas came. Hamas kidnapped me. Hamas murdered my friends. But I won; I survived. Now, I speak for those who can’t.
— Noa Argamani (@ArgamaniNoa) June 28, 2025
I’ll keep exposing Hamas’ crimes and fighting for the hostages’ release—including my partner, Avinatan.
I refuse to let terror sympathizers control the narrative. https://t.co/93jfdPDAKW
Miriam Kaplan, que presidia ao evento, descreveu o incidente como “uma tentativa vergonhosa de intimidar uma sobrevivente”.
Apelou à universidade para que condenasse o protesto, afirmando que “estes estudantes passaram da linha da liberdade de expressão para a agressão”.
Não foram efetuadas quaisquer detenções, mas a polícia de Windsor afirmou que os agentes “controlaram a situação e garantiram a segurança pública” após terem recebido chamadas sobre distúrbios.
A história da refém Noa Argamani
Noa tornou-se num dos rostos do conflito entre Israel e o Hamas depois de ter sido filmada a ser sequestrada do festival de música, no dia 8 de outubro de 2023, numa mota. Foi libertada no dia 8 de junho do ano passado.
Noa Argamani foi resgatada juntamente com outros três reféns, numa operação das forças especiais israelitas a partir de um edifício de apartamentos no centro de Gaza.
No seu primeiro discurso após a libertação mostrou que não se esquecia dos que tinham ficado para trás.
"Quero aproveitar esta oportunidade para recordar toda a gente que existem ainda 120 reféns do Hamas. Entre eles está o meu companheiro Avinatan Or, de quem fui separada desde o dia do ataque. Embora agora esteja em casa, não consigo esquecer os que continuam em cativeiro e devemos fazer tudo para os trazer de volta", afirmou a jovem na altura.
Noa detalhou que, durante os oito meses em que esteve refém, só pôde tomar duche duas vezes por mês, tendo sido levada para várias localizações, incluindo túneis.
A operação de salvamento foi a maior da guerra e aconteceu numa altura em que os ataques israelitas e os ataques aéreos na mesma zona mataram pelo menos 210 palestinianos, incluindo crianças.
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