As equipas de resgate locais relataram que 21 dos 48 mortos encontravam-se num cibercafé "Al-Baqa", situado à beira-mar na cidade de Gaza, onde também se registaram dezenas de feridos.
"Há sempre muita gente nesse local, que oferece bebidas, espaços para famílias e acesso à Internet", disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) Ahmed Al-Nayrab, 26 anos, que estava numa praia próxima com amigos quando ouviu uma "enorme explosão".
"Foi um massacre. Vi pedaços de corpos a voar por todo o lado, cadáveres dilacerados e queimados. Uma cena de gelar o sangue. Todos gritavam. Os feridos gritavam por socorro, as famílias choravam os seus mortos", relatou.
O gabinete de imprensa do governo do grupo islâmico palestiniano Hamas em Gaza indicou que um fotojornalista, Ismail Abu Hatab, foi morto neste ataque.
A morte de Hatab eleva para 228 o número de jornalistas e trabalhadores do setor mortos em Gaza desde o início da guerra, de acordo com uma contagem das autoridades. Fontes locais disseram à agência espanhola EFE que outro jornalista ficou ferido no ataque.
A Defesa Civil anunciou ainda a morte de outras duas dezenas de pessoas em vários ataques e tiroteios do exército israelita.
Entre elas, 11 foram "mortas perto de pontos de distribuição de ajuda no centro e sul do território", afirmou à AFP Mahmoud Bassal, porta-voz desta organização de primeiros socorros.
Devido às restrições impostas aos meios de comunicação social na Faixa de Gaza e às dificuldades de acesso ao terreno, a AFP não está em condições de verificar de forma independente os balanços e as afirmações da Defesa Civil.
Questionada pela AFP sobre os factos relatados por Bassal, o exército israelita respondeu que não estava em condições de comentar.
O exército israelita tinha emitido de manhã uma nova ordem de evacuação para o norte da faixa costeira, onde se situa a cidade de Gaza, alertando os habitantes para a ampliação das operações nessa região.
"O exército de ocupação sionista intensifica os seus bombardeamentos brutais em toda a Faixa de Gaza, em particular na cidade de Gaza, onde intensos ataques aéreos visam civis indefesos", denunciou o Hamas num comunicado.
Os apelos para um cessar-fogo em Gaza, onde a situação humanitária é crítica, continuam desde a trégua de 24 de junho na guerra de 12 dias entre Israel e o Irão.
"O Estado de Israel já não tem qualquer interesse em continuar a guerra em Gaza, que apenas causa danos em termos de segurança, política e economia", afirmou o líder da oposição israelita Yair Lapid, sublinhando que o exército partilha da sua opinião.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, país fulcral nas últimas negociações entre o Hamas e Israel, reafirmou que "os elementos [estavam] reunidos para avançar e retomar as negociações".
"Israel está sinceramente empenhado em chegar a um acordo sobre os reféns e um cessar-fogo em Gaza", afirmou hoje o chefe da diplomacia israelita, Gideon Saar.
"Dissemos 'sim' às propostas do enviado especial [norte-americano] Steve Witkoff. Mas, infelizmente, até agora, o Hamas não o fez", afirmou, apesar de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter assegurado na sexta-feira que estava "para breve" uma trégua em Gaza.
A guerra foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamista palestiniano Hamas ao sul de Israel, a 07 de outubro de 2023.
O ataque causou a morte de 1.219 pessoas do lado israelita, na sua maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP realizada a partir de dados oficiais, e 49 das 251 pessoas sequestradas nesse dia continuam reféns em Gaza, das quais 27 foram declaradas mortas pelo exército israelita.
Mais de 56.500 palestinianos, na maioria civis, foram mortos na campanha de retaliação militar israelita na Faixa de Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, tutelado pelo Hamas, considerados credíveis pela ONU.
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