O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recorreu à Truth Social, esta segunda-feira, para fazer um aviso. O chefe de Estado norte-americano instou as empresas a manterem "os preços do petróleo baixos" ou correm o risco de "cair nas mãos do inimigo".
A publicação surge numa altura em que aumentam os receios de que os combates em curso no Médio Oriente possam provocar um aumento dos preços.
"TODOS, MANTENHAM OS PREÇOS DO PETRÓLEO BAIXOS. ESTOU DE OLHO! ESTÃO A JOGAR NAS MÃOS DO INIMIGO. NÃO FAÇAM ISSO", escreveu Trump.
Note-se que a escalada das tensões no Médio Oriente tem impacto direto nos preços. Depois dos Estados Unidos atacarem três instalações nucleares, intervindo diretamente no conflito entre Israel e o Irão, Teerão equaciona vir a interromper a navegação no Estreio de Ormuz - tal como recomendou o parlamento iraniano - um dos principais corredores comerciais e económicos do mundo.
Note-se que por este estreito passam cerca de 20% do petróleo mundial e uma parte significativa do gás natural.
Um bloqueio poderia não só levar a uma escassez de energia entre os países europeus que dependem do petróleo e gás natural que importam dos países do Golfo, mas também à subida exponencial dos preços do petróleo a nível mundial e afetar as cadeias de abastecimento.
O encerramento do Estreito de Ormuz afetaria particularmente a China, parceira do Irão e o maior importador de crude iraniano. Os dois países assinaram um acordo de cooperação económica em 2021 que inclui um investimento chinês nos setores da energia e das infraestruturas do Irão.
O país já ameaçou encerrar o corredor por diversas vezes, mas nunca chegou a fazê-lo, já que está dependente do estreio para exportar a maioria do seu petróleo bruto, à semelhança de outros membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait e o Iraque.
Também a Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Kaja Kallas, alertou hoje que a ameaça iraniana de encerrar do Estreito de Ormuz é extremamente perigosa.
"O Parlamento iraniano exigiu o encerramento do Estreito de Ormuz, o que seria extremamente perigoso e não seria bom para ninguém", afirmou.
Kallas disse ainda que a União Europeia sempre foi a favor da diplomacia e recordou que o bloco europeu falou com o governo do Irão na sexta-feira.
No mesmo contacto, afirmou Kallas, o Irão mostrou-se disponível para falar sobre a questão nuclear e também sobre assuntos de segurança mais amplos e que preocupam a Europa.
Israel tem em curso uma ofensiva contra o Irão desde 13 de junho, que justificou com os progressos do programa nuclear iraniano e a ameaça que a produção de mísseis balísticos por Teerão representa para o país.
O Irão tem repetidamente negado o desenvolvimento de armas nucleares e reivindica o direito a realizar atividades nucleares pacíficas.
Os ataques de Telavive destruíram infraestruturas nucleares do Irão e mataram altos comandos militares e cientistas iranianos que trabalhavam no programa nuclear.
Teerão tem respondido com vagas de mísseis sobre as principais cidades israelitas e várias instalações militares espalhadas pelo país.
Na noite de sábado para domingo os Estados Unidos envolveram-se militarmente no conflito, com recurso a aviões bombardeiros B-2, que, segundo o Pentágono (Departamento de Defesa), conseguiram "eliminar" as ambições nucleares do Irão.
Leia Também: Teerão critica "golpe irreparável" na não-proliferação nuclear