"Queremos também terminar [o conflito com a Ucrânia] o mais rapidamente possível", disse Putin numa mesa redonda com editores de agências internacionais, no âmbito do Fórum Internacional de São Petersburgo.
Uma reunião com Zelensky é possível, mas apenas na "fase final" das negociações, sublinhou.
As cidades ucranianas têm sido alvo de ataques russos todas as noites, numa altura em que as negociações de cessar-fogo se encontram num impasse.
Na terça-feira, no âmbito da cimeira do G7, Volodymyr Zelensky denunciou o ataque como "um dos piores" da Rússia contra a capital desde o início da invasão, em 2022.
"É uma grande tragédia", afirmou Zelensky, que também reiterou que a Ucrânia "está pronta para negociações de paz e um cessar-fogo sem condições".
Sobre o rearmamento da NATO, desencadeado como resposta ao aumento da atividade militar russa, Putin afirmou que não representa uma "ameaça" para a Rússia, que tem as "capacidades de defesa" necessárias para a enfrentar.
"Não consideramos qualquer rearmamento da NATO uma ameaça para a Federação Russa, porque somos autossuficientes em questões de segurança", disse Putin.
"Estamos constantemente a melhorar as nossas forças armadas e as nossas capacidades de defesa", acrescentou.
"Se os países da NATO quiserem aumentar ainda mais o seu orçamento, isso é um problema deles, mas isso não beneficiará ninguém", afirmou o líder do Kremlin, alertando para a criação de "riscos adicionais".
Em relação a alegados planos do Kremlin para atacar um país membro da NATO, o Presidente russo disse serem "absurdos".
"Todos nós compreendemos que isto é um disparate (...) O orçamento militar da NATO é de 1,3 biliões de dólares, mais do que o de todo o mundo combinado, incluindo a Rússia", disse Putin.
O Presidente russo referiu-se ainda ao esperado fornecimento pela Alemanha de mísseis de longo alcance Taurus à Ucrânia, alertando que tal deterioraria completamente as relações entre Moscovo e Berlim.
"É sabido que isto não irá alterar a situação nas linhas da frente, mas irá certamente deteriorar as nossas relações" com a Alemanha, afirmou Putin.
O Presidente russo manifestou a sua disponibilidade para dialogar com o novo chanceler alemão, Friedrich Merz.
Se Merz "quiser ligar e falar, estamos sempre abertos a isso", afirmou.
"Há um ano e meio ou dois, eram mantidas conversações regulares com o chanceler [Olaf] Scholz e outros líderes europeus. Mas, a dada altura, quando os nossos parceiros europeus decidiram infligir-nos uma derrota estratégica no campo de batalha, eles próprios decidiram interromper as comunicações", disse.
"Estamos abertos a eles, já o disse muitas vezes", adiantou.
Sobre a possibilidade de a Alemanha servir como um melhor mediador entre a Rússia e a Ucrânia do que os Estados Unidos, Putin disse "duvidar", afirmando que "os mediadores devem ser neutros".
"Quando vemos tanques Leopard alemães no campo de batalha, e agora ouvimos e vemos o debate sobre o fornecimento de Taurus alemães para atacar território russo, (...) isso levanta grandes dúvidas", afirmou.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
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