"Neste momento, vemos que no Irão (...) há, no entanto, uma consolidação da sociedade em torno dos líderes políticos do país", acrescentou Putin numa mesa redonda com editores de agências internacionais, no âmbito do Fórum Internacional de São Petersburgo.
"Esta é uma questão delicada e, claro, devemos ser muito cautelosos, mas, na minha opinião, no geral, pode ser encontrada uma solução", disse o Presidente russo sobre um possível desfecho diplomático.
Ele próprio envolvido numa invasão da Ucrânia que dura há quase quatro anos, sem fim à vista, Putin disse serem necessários meios para alcançar o fim das hostilidades entre o Irão e Israel.
Sustentou ainda o direito da República Islâmica a um programa nuclear civil e os interesses de segurança do Estado judaico.
"Não estamos a impor nada a ninguém; estamos simplesmente a dizer que vemos uma possível saída para a situação", disse Putin.
A decisão deve ser tomada pelos governos destes países, "em primeiro lugar, o Irão e Israel", adiantou.
Israel justificou o ataque ao Irão, na passada sexta-feira, alegando ter informações de que Teerão se aproximava do "ponto de não retorno" para obter uma bomba atómica, que poderia usar para destruir o estado judaico.
O Irão, que nega ter construído armas nucleares, ripostou com o lançamento de mísseis e 'drones' contra várias cidades israelitas, cujas autoridades admitiram que os ataques causaram pelo menos 24 mortos.
Nas últimas horas, os Estados Unidos estão a ponderar um conjunto de ações que poderão representar a entrada no conflito entre Israel e o Irão.
Depois de se ter oferecido como mediador logo no início do conflito, Putin disse hoje que partilhou as propostas negociais de Moscovo com o Irão, Israel e os Estados Unidos.
O Presidente russo, que tem em Teerão o seu principal aliado no Médio Oriente, fez no passado fim de semana a oferta de mediação numa chamada telefónica com o Presidente norte-americano, Donald Trump, que hoje disse que pediu a Putin para se manter focado em encontrar uma solução para o seu próprio conflito com a Ucrânia.
"Eu disse [a Putin]: 'Faça-me um favor, medie o seu'", relatou Trump, que foi eleito prometendo resolver em 24 horas o conflito iniciado pela invasão russa da Ucrânia em 2022, sem qualquer sucesso até agora.
"Eu disse: 'Vladimir, vamos mediar a Rússia primeiro. Podes preocupar-te com isso depois'", adiantou o Presidente norte-americano.
Trump mudou de posição nos últimos dias, depois de no início desta semana ter dito estar "aberto" à oferta de mediação de Putin.
À margem do Fórum Internacional de São Petersburgo, Putin sublinhou ainda que a Rússia tem uma relação de confiança com o Irão e construiu a sua primeira central nuclear em Bushehr.
As partes continuaram hoje o lançamento de vagas de ataques, no sexto dia desde que o Exército israelita iniciou uma operação em grande escala em território iraniano, que resultou em mais de 200 mortes no Irão, incluindo membros das forças armadas e da liderança militar e de segurança.
Donald Trump, exigiu a "rendição incondicional" da República Islâmica na terça-feira e afirmou conhecer o paradeiro de Ali Khamenei, embora tenha salientado que, para já, não tomou a decisão de ordenar a sua eliminação.
Khamenei avisou hoje os Estados Unidos que vão sofrer "danos irreparáveis" se intervierem militarmente contra o país e salientou que o povo iraniano não se renderá.
[Notícia atualizada às 23h10]
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