"Solicitamos a prisão domiciliária, que é concedida a pessoas com mais de 70 anos", disse aos jornalistas Carlos Belardi, advogado da ex-Presidente e principal opositora política do Presidente ultraliberal Javier Milei.
A prisão domiciliária, argumentou o advogado, é justificada pela "idade [de Kirchner], 72 anos, a sua condição de ex-Presidente e o facto de ter proteção policial permanente", que fazem com que uma pulseira eletrónica de monitorização "não faça sentido".
Outro advogado de Kirchner, Gregorio Dalbon, anunciou a sua presença em Haia para denunciar perante o Tribunal Penal Internacional (TPI) a "perseguição política" da ex-Presidente.
"Esta condenação é o resultado de um processo falho, que visava desde o início a um objetivo político: banir a mulher que obteve o maior número de vitórias eleitorais desde o regresso da democracia", afirmou Dalbon na sua conta na rede social X.
"Este é um caso emblemático de detenção seletiva e criminalização", salientou.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos também analisará a sentença de Kirchner, segundo Carlos Belardi, que não especificou um prazo para o encaminhamento do processo.
Na terça-feira, o Supremo Tribunal confirmou a pena de seis anos de prisão e inelegibilidade perpétua de Kirchner por corrupção enquanto Presidente (2007-2015).
Figura dominante na política argentina nos últimos vinte anos, Cristina Kirchner tem cinco dias (úteis) para comparecer perante o tribunal, que deverá depois decidir sobre os termos e o local da detenção com base no pedido dos advogados, disse Belardi.
O Supremo Tribunal decidiu sobre o recurso apresentado por Kirchner que contestava a sentença que a condenou, no final de 2022, a seis anos de prisão e à inelegibilidade perpétua por "fraude contra a administração pública" durante a sua presidência.
Esta sentença foi confirmada em segunda instância em 2024.
Na sua decisão, o Supremo considerou que as sentenças proferidas em primeira e segunda instâncias "foram baseadas na extensa prova apresentada", rejeitando o recurso apresentado pela política de centro-esquerda.
O caso diz respeito à adjudicação de contratos públicos --- construção de estradas --- em Santa Cruz, durante os seus mandatos presidenciais.
Outros oito arguidos, ex-funcionários provinciais e líderes empresariais, foram também condenados neste processo.
"Justiça. Fim", comentou o Presidente ultraliberal Javier Milei, na sua conta na rede social X, logo após ter sido conhecida a decisão do Supremo Tribunal da Argentina.
Cristina Kirchner, que nega qualquer irregularidade, tem denunciado consistentemente a "perseguição política e judicial" durante estes processos, alegando que têm o objetivo de a "banir" da política.
"Querem-me presa ou morta", declarou novamente num comício no sábado, referindo-se ao ataque a que sobreviveu em 2022.
Centenas de apoiantes de Kirchner manifestaram nas últimas horas o seu apoio e indignação pelo anúncio do veredicto, avançou a AFP.
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