Em declarações à agência noticiosa France Presse (AFP), Bassem Naim, um dos líderes exilados do Hamas, remeteu porém uma resposta final para a direção do movimento islamita.
"A resposta à ocupação [de Israel] significa essencialmente a perpetuação da ocupação, a continuação dos assassínios e da fome, mesmo durante o período temporário de trégua, e não vai ao encontro de nenhuma das exigências do nosso povo", observou Bassem Naim.
O dirigente palestiniano acrescentou que a liderança do movimento "está a examinar, com grande sentido de responsabilidade e patriotismo, como responder a esta proposta".
Os Estados Unidos revelaram hoje que Israel aceitou a proposta do Presidente norte-americano, Donald Trump, para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, enquanto as negociações com o Hamas prosseguem.
"Posso confirmar que o enviado especial [Steve] Witkoff e o Presidente [Trump] apresentaram uma proposta de cessar-fogo ao Hamas, que Israel aprovou e apoiou. Israel assinou esta proposta antes de ser enviada para o Hamas", afirmou a secretária de imprensa da presidência norte-americana em Washington.
Karoline Leavitt indicou que "as discussões continuam", esperando que seja concretizado o cessar-fogo "para que todos os reféns [em posse do Hamas] possam regressar a casa".
As declarações da porta-voz da Casa Branca surgem depois de o Hamas ter hoje informado que está a estudar a nova proposta apresentada pelo enviado norte-americano.
Witkoff explicou na quarta-feira, em Washington, que iria apresentar uma nova proposta e manifestou confiança de que será aceite pelas partes, sem especificar os seus termos, embora meios de comunicação social israelitas e árabes tenham noticiado que se trata de uma trégua de 60 dias.
A pausa nos combates implicaria a libertação de 10 reféns vivos mantidos na Faixa de Gaza e 18 mortos no primeiro e sétimo dia da trégua, além da obrigação do Hamas em fornecer provas do paradeiro dos restantes no décimo dia, em troca de centenas de prisioneiros e detidos palestinianos.
Esta fase determinaria também a negociação de um cessar-fogo permanente e a retirada das tropas israelitas do enclave palestiniano, o que significa que o fim da ofensiva não seria acordado logo no início das conversações, como o Hamas tem vindo a exigir.
O Exército israelita iniciou há uma semana e meia uma nova operação terrestre e aérea no território, após ter quebrado em meados de março o cessar-fogo em vigor com o grupo Hamas.
O início desta campanha militar coincidiu com o levantamento do bloqueio que se mantinha há mais de dois meses à entrada de ajuda humanitária à população do enclave, que já enfrentava o risco de fome, segundo as agências da ONU.
O conflito em curso foi desencadeado pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 54 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Leia Também: Casa Branca afirma que Israel "aprovou" proposta de cessar-fogo em Gaza