Uma pequena embarcação com 180 pessoas a bordo virou-se no momento em que se preparava para atracar no porto de La Restinga, na ilha de El Hierro em Espanha.
Segundo as autoridades, citadas pela Telecinco, há, pelo menos, sete mortos, incluindo uma adolescente de 16 anos e duas crianças de 5 anos.
"Até ao momento, o naufrágio de um barco em La Restinga causou sete mortos: quatro mulheres, uma menor de 16 anos e duas meninas de 5 anos", revelou o serviço 112 Canárias perto das 13h30 locais (12h30 em Lisboa).
Entre os desaparecidos estará um bebé.
Os tripulantes terão ficado assustados no momento da chegada, o que levou a que todos se começassem a colocar no mesmo lado da embarcação e esta se virasse, conta o mesmo meio. O naufrágio foi filmado pela televisão pública espanhola RTVE.
Os migrantes a bordo tentaram colocar, de imediato, os mais pequenos a salvo.
#Urgente | Vuelca un cayuco cuando estaba atracado en el muelle de La Restinga, #ElHierro
— RTVC (@RTVCes) May 28, 2025
Lo vimos en @BDCanariasTV https://t.co/nya3TINtwS pic.twitter.com/hR3hahccxT
O momento de grande tensão contou com a intervenção de uma equipa de salvamento marítimo e com o apoio da Cruz Vermelha, que estavam no local.
¡Madre mía! Se me parte el corazón viendo a las personas del cayuco que ha volcado en El Hierro, en Canarias.
— maria LAtatus (@maria_latatus) May 28, 2025
¡¿Pero como no hay lanchas de salvamento?! Les tiran flotadores y cuerdas por favor pic.twitter.com/ZS4FJAVvT2
Os serviços de emergência e resgate das Canárias revelaram que, nos trabalhos de resgate, participam também a Polícia Nacional, funcionários portuários e mergulhadores.
Morreram mais de 10 mil pessoas no ano passado
O arquipélago espanhol das Canárias, localizado no Atlântico, é uma das rotas usadas por migrantes que querem entrar na Europa de forma irregular, a partir da costa ocidental africana.
Segundo a organização não-governamental (ONG) Caminando Fronteras, morreram 10.457 pessoas no mar no ano passado a tentar chegar a Espanha, 93% das quais na rota atlântica para as ilhas Canárias, que "continua a ser a mais letal a nível mundial".
A Caminando Fronteras elabora anualmente um relatório sobre os migrantes que morrem no mar a tentar chegar a Espanha, com base em dados oficiais e de associações de comunidades migrantes, assim como testemunhos e denúncias tanto das comunidades como de famílias de desaparecidos, seguindo metodologias usadas pelas ONG para contabilizar vítimas em diversos pontos do mundo, como acontece na fronteira entre o México e os Estados Unidos.
Espanha aproximou-se em 2024 do número recorde de chegadas irregulares de migrantes que o país atingiu há seis anos, com 63.970 entradas, um aumento de 12,5% face a 2023, segundo o Ministério da Administração Interna espanhol.
Em 2018, o país atingiu um máximo histórico de entradas irregulares: 64.298.
No ano passado, a maior parte das entradas foi feita por via marítima e dessas a grande maioria, 73% do total, foi feita pela rota das Ilhas Canárias, através da qual cerca de 46.843 pessoas tentaram alcançar território espanhol, mais 17% do que no ano anterior.
Segundo dados oficiais, o número de chegadas de migrantes este ano às Canárias diminuiu 35% comparando com os mesmos meses de 2024.
O presidente do governo regional das Canárias, Fernando Clavijo, disse hoje, a propósito do naufrágio em El Hierro, que "a impotência é grande".
Clavijo tem apelado à ajuda europeia e à solidariedade das restantes regiões autónomas espanholas para responder à chegada de migrantes às Canárias, sobretudo, para o acolhimento de milhares de menores de idade que chegam às ilhas sozinhos, não acompanhados por um adulto.
Na segunda e na terça-feira, uma delegação de eurodeputados de diversos partidos esteve nas Canárias e reuniu-se com as autoridades locais, para avaliar a situação no terreno.
No final da visita, o líder da delegação, Javier Zarzalejos (Partido Popular Europeu, PPE), falou numa "calma tensa" nas últimas semanas nas Canárias, atendendo à diminuição da chegada de 'pateras' e 'cayucos', e sublinhou as melhorias nas infraestruturas e meios de resposta e atenção aos migrantes, mas reconheceu que "são necessários esforços suplementares para reforçar os procedimentos de acompanhamento, incluindo os procedimentos de asilo e de retorno".
Zarzalejos acrescentou que a aplicação do novo Pacto sobre Asilo e Migração da União Europeia (UE) "exige o reforço da cooperação e da coordenação", incluindo "para assegurar que todos os controlos necessários sejam efetuados de forma adequada e no pleno respeito dos direitos fundamentais".
"A delegação reafirma a importância do apoio da UE para ajudar El Hierro e as Ilhas Canárias a gerir eficazmente estes desafios", disse o eurodeputado, citado num comunicado do Parlamento Europeu.
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