O anúncio está a ser feito no mesmo dia em que Georgescu será interrogado pela Justiça por repetir comentários fascistas, disse uma fonte judicial, citada pela agência de notícias francesa AFP.
Georgescu, de 63 anos e até aí pouco conhecido, surpreendeu toda a gente ao vencer, contra todas as probabilidades, a primeira das eleições presidenciais romenas a 24 de novembro passado.
Essas eleições acabaram por ser anuladas pelo Tribunal Constitucional após ter sido acusado de ter realizado uma campanha nas redes sociais, alegadamente apoiada pela Rússia.
O sistema judicial romeno anulou todo o processo eleitoral a 6 de dezembro, numa decisão inédita, tendo George Simion sido o candidato da extrema-direita no escrutínio realizado a 4 de maio.
"Decidi manter-me neutro, sem filiação política", afirmou, numa mensagem de vídeo publicada no YouTube na noite de segunda-feira, acrescentando que a sua decisão "não era uma renúncia".
"Serei um observador passivo da vida pública e social", garantiu Georgescu.
O ex-candidato, um crítico acérrimo da toma de vacinas e seguidor das ideias do Presidente norte-americano, Donald Trump, que é também contrário às ideias de Bruxelas e admirador do Presidente russo, Vladimir Putin, assumiu-se desde logo como oponente a qualquer ajuda à vizinha Ucrânia.
A sua exclusão das eleições de maio desencadeou manifestações por vezes violentas em Bucareste, com multidões a denunciar "um golpe de Estado".
O seu substituto, George Simion, líder do partido nacionalista AUR (Aliança para a Unidade dos Romenos), foi derrotado nas urnas a 18 de maio pelo pró-europeu presidente da câmara da capital, Nicusor Dan, que foi oficialmente empossado na segunda-feira.
Simion anunciou que, caso vencesse a eleição, iria nomear Calin Georgescu como primeiro-ministro, pelo que o ex-candidato viu as suas ambições políticas desaparecerem ao mesmo tempo que era submetido a processos judiciais.
No final de fevereiro, foi acusado de vários crimes, incluindo fazer declarações falsas sobre as suas finanças na campanha e incitar ações inconstitucionais.
"Invenções de um sistema corrupto em agonia", segundo considerou Georgescu, que, como alegou, visaram "justificar o roubo de eleições".
Hoje, Georgescu deverá apresentar-se no gabinete do procurador de Justiça depois de ter citado declarações de Corneliu Zelea Codreanu, líder do movimento fascista Guarda de Ferro no período entre guerras, em violação da lei que proíbe tal propaganda.
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