Altercações e insultos em marcha de nacionalistas israelitas

Nacionalistas israelitas marcharam hoje em Jerusalém Oriental para assinalar o "Dia de Jerusalém", celebração anual da ocupação israelita da parte oriental da cidade santa, um evento marcado por altercações e insultos a palestinianos.

Notícia

© Mostafa Alkharouf/Anadolu via Getty Images

Lusa
26/05/2025 19:47 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Médio Oriente

O ministro da Segurança Nacional israelita, Itamar Ben Gvir, de extrema-direita, visitou a Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental, uma visita encarada como uma provocação pelos palestinianos e pelos países árabes.

 

O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, prometeu manter Jerusalém "unificada, indivisível e sob a soberania de Israel".

Israel conquistou e anexou Jerusalém Oriental no final da guerra israelo-árabe de 1967, uma anexação não reconhecida pela comunidade internacional.

Para os israelitas, o "Yom Yerushalaim" ("Dia de Jerusalém" em hebraico) comemora o que consideram ser a "reunificação" da cidade.

Todos os anos, neste dia, milhares de nacionalistas israelitas, a maioria dos quais religiosos, marcham pelas ruas de Jerusalém, incluindo pela Cidade Velha, agitando bandeiras israelitas.

Para muitos palestinianos, este desfile, que decorre sob segurança reforçada, é uma provocação deliberada.

Hoje à tarde, grupos de jovens israelitas foram vistos a atacar comerciantes palestinianos, transeuntes e crianças em idade escolar, mas também ativistas israelitas dos direitos humanos e a polícia.

Alguns cuspiram nos transeuntes, lançaram insultos e tentaram forçar a entrada em casas.

Terceiro lugar mais sagrado do Islão e o mais sagrado do Judaísmo, a Esplanada é um barril de pólvora, onde o mais pequeno incidente pode desencadear uma situação de violência generalizada.

"Subi ao Monte do Templo para o Dia de Jerusalém e rezei pela vitória na guerra [na Faixa de Gaza], pelo regresso de todos os nossos reféns (...) Feliz Dia de Jerusalém!", escreveu Ben Gvir numa mensagem publicada na plataforma digital Telegram, acompanhada de fotografias que o mostram na Esplanada das Mesquitas, designada pelos judeus como Monte do Templo.

A Jordânia, que administra a esplanada, mas cujos pontos de entrada são controlados por Israel desde a tomada de Jerusalém Oriental, em 1967, condenou "as práticas deste ministro extremista".

As celebrações decorrem num contexto de guerra de Israel na Faixa de Gaza que já fez mais de 53.000 mortos e 120.000 feridos, desencadeada por um ataque do movimento islamita palestiniano Hamas a território israelita, a 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.

Em 2021, o Hamas lançou uma série de 'rockets' em direção a Jerusalém quando a marcha começava a dirigir-se para a Cidade Velha, ao que se seguiu uma guerra de 12 dias entre Israel e o grupo islamita palestiniano.

Este ano, o Exército israelita informou hoje que foram disparados três "projéteis" a partir da Faixa de Gaza, que um deles foi intercetado e que os outros dois "caíram" em território palestiniano.

O acontecimento assinala "o dia em que conquistámos Jerusalém, o Monte do Templo, o Muro Ocidental [Muro das Lamentações]", explicou Yosef Azoulai, de 21 anos, estudante numa 'yeshiva', um centro de estudo de textos rabínicos.

"Nesse dia, derrotámos os nossos inimigos. Viemos todos, todos os estudantes da 'yeshiva', unidos, para festejar", acrescentou.

Desde hoje de manhã, grupos de jovens de todo o país reuniram-se junto à Porta de Jaffa, envergando 't-shirts' brancas, como é habitual nesta marcha, que culmina junto do Muro das Lamentações em Jerusalém Oriental, o último vestígio do Segundo Templo, destruído em 70 d.C. pelos romanos, e o local mais sagrado onde os judeus são autorizados a rezar.

Tal como em anos anteriores, foi também organizada uma "marcha das flores" por ativistas israelitas que pretendem contrariar a marcha nacionalista.

"Vamos oferecer flores de paz aos habitantes de Jerusalém, especialmente aos muçulmanos e aos cristãos", disse o organizador, Gadi Gvaryahu, que preside à Tag Meir, uma organização que reúne organizações não-governamentais (ONG) que trabalham em prol de uma coexistência pacífica.

Na cidade velha, palestinianos surpreendidos aceitaram as flores oferecidas. Mas um idoso recusou: "Estão a ver o que se passa em Gaza? Lamento, mas não posso aceitar".

Mais à frente, adolescentes que tinham vindo para participar na marcha principal destruíram as flores.

A polícia disse no domingo que estava a destacar "milhares de agentes" em toda a cidade para impedir incidentes.

Leia Também: Ministro israelita pede destruição de inimigos: "Devem ser espezinhados"

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas