"Este era um resultado previsível. A abstenção ganhou e, com ela, o regime e aqueles que a promoveram (...). O regime e outros fizeram tudo o que podiam para que a abstenção fosse a grande protagonista e conseguiram. O regime está hoje a celebrar", afirmou o opositor venezuelano na rede social X.
Capriles, que faz parte dos elementos da oposição na Venezuela que defenderam a participação popular no processo eleitoral, lamentou que este tenha sido "marcado pela desconfiança, a desilusão, a ira, o medo semeado com força nas últimas horas com mais detenções, aliados a uma campanha de informação praticamente inexistente".
Aproveitou, contudo, a oportunidade para "agradecer o esforço de todos os venezuelanos que foram expressar-se contra o poder, contra a arbitrariedade, que foram contra a corrente, que não ficaram em silêncio".
Agradeceu também a quem "foi instalar as assembleias de voto, apesar de todas as ameaças e intimidações".
"Com as unhas trabalhou cada voluntário, com a ideia de que a voz do povo que quer a mudança se mantenha viva e que o país não caia naquilo que querem os que estão no poder: o desespero e depois a resignação", declarou, assegurando que "representará com força e determinação" os venezuelanos "num contexto de circunstâncias tão difíceis".
O opositor sustentou que "os acontecimentos de ontem (domingo) não alteram a crise económica, social e política" e, por isso, "o país não amanheceu melhor", pelo que "continua a busca de recuperar a sua democracia e o pleno exercício dos direitos do seu povo".
"Lá (na Assembleia Nacional) estaremos para fazer uma oposição férrea aos responsáveis pela situação caótica de que padece a maioria dos venezuelanos", acrescentou.
O partido do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, obteve no domingo uma vitória esmagadora nas eleições legislativas e regionais, que ficaram marcadas pela detenção de 70 pessoas e pelo boicote da maioria da oposição.
De acordo com os números oficiais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) ganhou 23 dos 24 cargos de governador, deixando apenas o estado de Cojedes, no centro-oeste, para a oposição.
A coligação de Maduro obteve 82,68% dos votos nas listas nacionais para as eleições legislativas, informou o CNE.
A afluência às urnas, segundo o mesmo organismo, foi de pouco mais de 42%, mas a oposição contesta esta participação.
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