Há meses que a empresa canadiana e o Governo do Mali estão num braço de ferro sobre o complexo de Loulo-Gounkoto, uma das maiores jazidas de ouro do mundo, detida 80% pelo grupo mineiro e 20% pelo país.
Em meados de abril, as autoridades malianas ordenaram o encerramento dos escritórios da empresa em Bamako por "falta de pagamento de impostos" e exigiram centenas de milhões de dólares de impostos em atraso à Barrick e detiveram quatro empregados malianos no final de novembro.
A 08 de maio, o Governo do Mali pediu ao Tribunal de Comércio de Bamako que impusesse uma administração provisória sobre as instalações de Loulo-Gounkoto. A decisão deverá ser tomada a 02 de junho.
A empresa "considera que não existe qualquer fundamento - nem de direito nem de facto - para que a gestão corrente das operações em Loulo-Gounkoto seja confiada a um administrador provisório nomeado por um tribunal", declarou hoje num comunicado.
A empresa denunciou uma "nova escalada" das autoridades malianas, que já a tinham obrigado a suspender as operações depois de terem apreendido três toneladas de ouro no local, em janeiro.
"A tentativa de interferir com as operações em Loulo-Gounkoto não tem precedentes nem justificação legal", afirmou o grupo.
"Ignora os direitos da Barrick ao abrigo da lei do Mali e dos acordos vinculativos, e é inconsistente com os princípios de um processo justo e de respeito mútuo que devem estar na base das parcerias entre governos e investidores a longo prazo", acrescentou a empresa.
A empresa, que diz ter lançado um processo de arbitragem internacional em janeiro, reafirmou hoje a sua determinação em "encontrar uma solução justa e equitativa".
A junta, que chegou ao poder após dois golpes de Estado em 2020 e 2021, está a exercer uma pressão sem precedentes sobre os grupos mineiros estrangeiros, especialmente os ocidentais, tendo reformado o código mineiro do país, em 2024.
Os militares procuram obter uma parte maior das receitas geradas pelas atividades extrativas, incluindo as do complexo subterrâneo e a céu aberto de Loulo-Gounkoto.
O Mali, um dos países mais pobres do mundo, que enfrenta ataques de extremistas islâmicos e uma profunda crise económica, é um dos principais produtores de ouro em África que contribui com um quarto do orçamento nacional e três quartos das receitas de exportação.
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