Eleições na Roménia: Observadores registam "retórica difamatória"

Observadores internacionais consideraram hoje que a segunda volta das eleições presidenciais romenas, realizada no domingo, ficou marcada por uma retórica difamatória, imprensa tendenciosa e um grande aumento de desinformação e comportamento com vista à manipulação 'online'.

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© Alexandra Corcode/Bloomberg via Getty Images

Lusa
19/05/2025 15:12 ‧ há 4 horas por Lusa

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Roménia/Eleições

"A retórica difamatória, os meios de comunicação social tendenciosos e o comportamento inautêntico persistente 'online', juntamente com lacunas regulatórias e respostas fragmentadas por parte das instituições, limitaram a oportunidade dos eleitores de fazer uma escolha informada e afetaram a confiança do público", concluiu a missão de observação conjunta do Gabinete das Instituições Democráticas e dos Direitos Humanos (ODIHR) e da Assembleia Parlamentar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

 

Os observadores consideraram que "na disputada segunda volta da repetição das eleições presidenciais na Roménia, as liberdades fundamentais de reunião e associação foram respeitadas".

A missão registou um ambiente de campanha "polarizado e caracterizado por uma retórica negativa e hostil, muitas vezes pessoal e agressiva" entre os candidatos, o nacionalista George Simion e o europeísta Nicusor Dan, que venceu as eleições.

"As mensagens centraram-se nos valores 'nacionais' versus 'europeus' e nas questões económicas, sociais e de defesa", comentaram.

Os observadores registaram ainda que, tal como na primeira volta, a campanha desenvolveu-se essencialmente 'online' e através da imprensa, com "a maioria dos canais privados a mostrar parcialidade".

O comportamento 'online' foi um dos principais problemas identificados pela missão, que notou que as autoridades procuraram responder à desinformação e comportamento inautêntico dos candidatos, amplificando ou suprimindo mensagens, com vista à manipulação.

Na conferência de imprensa de apresentação das conclusões da observação, em Bucareste, o chefe da missão do ODIHR, Eoghan Murphy, assinalou que, na primeira volta, realizada a 04 de maio, houve centenas de sinalizações sobre publicações inadequadas, mas "na segunda volta foram milhares, e num período muito mais curto, por isso [as autoridades] tiveram quase dez vezes mais trabalho".

No entanto, a resposta das plataformas e das autoridades foi "insuficiente" para responder ao desafio, o que teve "um impacto negativo na confiança do público".

"É preocupante que estas narrativas tenham sido apresentadas ao público e é preciso trabalhar mais para combater a disseminação dessa informação", comentou Murphy.

A coordenadora especial da Assembleia Parlamentar da OSCE, Lucie Potuckova, saudou "os esforços notáveis das autoridades para combater a desinformação e o abuso 'online'", mas ressalvou "a necessidade de prosseguir os trabalhos sobre o complexo quadro eleitoral".

A responsável afirmou-se confiante de que "as autoridades irão explicar toda essa desinformação" e que "quaisquer ligações a forças externas estrangeiras serão devidamente investigadas".

Os conteúdos nas plataformas 'online' estiveram no centro do debate das eleições presidenciais romenas, depois de uma primeira volta ter sido anulada em dezembro passado pelo Tribunal Constitucional, numa decisão inédita, por suspeita de interferência russa, que teria beneficiado nas redes sociais, nomeadamente no TikTok, o candidato pró-russo Calin Georgescu.

Para a segunda volta, referiram os observadores, "as regras relativas à campanha, ao financiamento da campanha e à cobertura dos meios de comunicação social são ambíguas ou carecem de pormenores suficientes, conduzindo por vezes a interpretações incoerentes por parte dos partidos políticos e dos candidatos, bem como a uma falta de supervisão e transparência".

"Entre os partidos políticos que não tiveram candidato no segundo turno, também vimos alguma incerteza sobre os tipos de apoio de campanha que poderiam dar, e isso pode ter limitado a participação política no segundo turno", referiu Eoghan Murphy.

Sobre o dia da eleição, foi "geralmente calmo, bem organizado e conduzido profissionalmente", segundo a missão de observação.

"Foi a maior afluência às urnas na história da Roménia. (...) Felicito o povo da Roménia por ter aproveitado esta oportunidade", declarou Lucie Potuckova.

A participação foi de 64,72%, equivalente a 11.641.866 votos, de um universo de quase 18 milhões de eleitores.

A observação eleitoral internacional da segunda volta das eleições presidenciais na Roménia totalizou 44 observadores de 19 países, compostos por 37 peritos destacados pelo ODIHR e observadores a longo prazo, e sete deputados e pessoal da Assembleia Parlamentar da OSCE.

Leia Também: A ascensão da direita radical e da extrema-direita na Europa: O essencial

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