Líderes dizem adeus a Mujica, o "querido Pepe", "um exemplo" e um "farol"

Mujica revelou, no início deste ano, que um cancro no esófago, diagnosticado em maio de 2024, se tinha espalhado e que o seu corpo envelhecido já não tolerava o tratamento. Eis as reações à morte do ex-presidente uruguaio.

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© REUTERS/Andres Stapff

Notícias ao Minuto com Lusa
14/05/2025 08:35 ‧ há 1 hora por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Mujica

O ex-presidente uruguaio José ‘Pepe’ Mujica, símbolo da esquerda latino-americana, morreu aos 89 anos, informou o atual chefe de Estado, Yamandu Orsi, na terça-feira. As reações por parte de vários líderes mundiais não tardaram a chegar, homenageando o apelidado como "presidente mais pobre do mundo".

 

Mujica revelou, no início deste ano, que um cancro no esófago, diagnosticado em maio de 2024, se tinha espalhado e que o seu corpo envelhecido já não tolerava o tratamento. "É só até aqui que vou", disse.

"É com profundo pesar que anunciamos o falecimento do nosso camarada 'Pepe' Mujica. Presidente, ativista, líder e guia. Vamos sentir muito a sua falta, meu velho", escreveu Yamandu Orsi, na rede social X (Twitter).

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também lamentou a morte do ex-presidente uruguaio, de quem destacou a forma de governar "com humildade, escolhendo a simplicidade em vez do privilégio".

"Será recordado não só pelo seu compromisso inabalável com a justiça social, a igualdade e a solidariedade, mas também pela forma profundamente humana como encarnou esses valores", afirmou, através de um comunicado.

O responsável acrescentou ainda que Pepe Mujica "governou com humildade, preferindo a simplicidade ao privilégio, e recordou-nos - pelas suas palavras e pelo seu exemplo - que o poder deve ser exercido com responsabilidade e compaixão".

Guterres referiu também que, enquanto líder latino-americano, "defendeu o diálogo e o multilateralismo, encarnando os valores que estão no cerne da Carta das Nações Unidas e trazendo a sua autoridade moral para a causa da paz e dos direitos humanos".

O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, destacou, através da rede social X, que o antigo líder uruguaio acreditava num "mundo melhor" e vivia a política "com o coração".

"Um mundo melhor. Foi nisto que 'Pepe' Mujica acreditou, lutou e viveu", escreveu, complementando que "a política faz sentido quando é vivida assim, com o coração".

O presidente brasileiro, Lula da Silva, um dos primeiros a reagir, disse ter recebido com tristeza a morte 'Pepe' Mujica e recordou o ex-chefe de Estado do Uruguai como alguém que "defendeu, como poucos, a democracia" e lutou contra "o fim de todas as desigualdades".

"Sua vida foi um exemplo de que a luta política e a doçura podem andar juntas. E de que a coragem e a força podem vir acompanhadas da humildade e do desapego", escreveu, nas redes sociais.

Lula da Silva, que mantinha uma estreita amizade política e pessoal com Mujica, recordou que nos "quase 90 anos de vida, Mujica combateu fervorosamente a ditadura que um dia existiu em seu país".

"Defendeu, como poucos, a democracia. E nunca deixou de militar pela justiça social e o fim de todas as desigualdades", sublinhou.

Além de partilharem ideais, Lula e Pepe Mujica coincidiram no poder dos respetivos países em 2010. Nessa altura, o líder brasileiro estava a terminar o seu segundo mandato e o uruguaio estava a iniciar o seu, que duraria até 2015.

"Sua grandeza humana ultrapassou as fronteiras do Uruguai e de seu mandato presidencial. A sabedoria das suas palavras formou um verdadeiro canto de unidade e fraternidade para a América Latina", sublinhou o chefe de Estado brasileiro, para quem "a forma de [Mujica] compreender e explicar os desafios do mundo atual continuará guiando os movimentos sociais e políticos que buscam construir uma sociedade mais igualitária".

O governo peruano, liderado pela presidente Dina Baluarte, expressou as suas "mais profundas condolências", lembrando Mujica como um "servidor público íntegro e um exemplo de fidelidade aos seus princípios".

Por seu turno, presidente colombiano, Gustavo Petro, despediu-se do antigo presidente uruguaio destacando-o como um "grande revolucionário".

Já o presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo de León, recordou Mujica como "um exemplo de humildade e grandeza. De liderança entendida como serviço, sempre a quem mais precisa".

Também o presidente panamiano, José Raúl Mulino, manifestou o seu profundo pesar pela morte do antigo Presidente uruguaio, frisando o "presidente, ativista líder" e o "seu profundo amor pelo seu povo".

O presidente paraguaio, Santiago Peña Nieto, também lamentou a morte de Mujica, reconhecendo que os dois tinham "visões diferentes", mas partilhavam a aspiração de ver a América Latina unida.

O chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro, que tomou posse para um terceiro mandato após a sua polémica reeleição, recordou Mujica como um "homem humilde e ativista social incansável".

Também a oposição venezuelana lamentou a morte do ex-presidente uruguaio, reconhecendo a sua liderança apesar de apontar as suas diferenças ideológicas com o líder de esquerda e partilhando um vídeo com declarações de Mujica, que em 2024 apelidava o Governo venezuelano de autoritário.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, prestou homenagem à memória de Mujica, sublinhando "um exemplo para a América Latina e para o mundo inteiro".

Sheinbaum lamentou profundamente a morte de Mujica, elogiando a sua sabedoria, consideração e simplicidade, que, segundo a governante, são um "exemplo" para a América Latina.

Para o presidente chileno, Gabriel Boric, Mujica desapareceu fisicamente mas "permanecerá para sempre" e deixa para trás "a esperança inabalável de que as coisas podem ser feitas melhor".

Já o presidente dominicano, Luis Abinader, disse que teve "a honra" de conhecer Mujica e "de aprender com a sua sabedoria e humildade".

O presidente boliviano, Luis Arce, recordou o uruguaio como um "farol de esperança" e um "lutador pela justiça social".

Também o antigo presidente boliviano Jorge Tuto Quiroga (2001-2002) elogiou a liderança "austera, decente" e "sem rancor" de Mujica. Carlos Mesa (2003-2005), que lhe sucedeu, por sua vez, salientou a sua "grande coerência intelectual e ética", enquanto Evo Morales (2006-2019) destacou que o uruguaio era "um fervoroso defensor da Pátria Grande".

A ex-presidente argentina Cristina Fernández (2007-2015) recordou Mujica como "um grande homem que dedicou a sua vida ao ativismo e ao seu país", enquanto Alberto Fernández (2019-2023), que também ocupou a presidência argentina, lembrou "um exemplo para uma política que banaliza tudo" e "um exemplo de austeridade numa sociedade que recompensa quem acumula fortunas".

Por cá, o partido Livre expressou “profundo pesar pela perda deste exemplo mundial de humanismo, simplicidade e dedicação ao bem comum”.

“Que a sua memória nos inspire sempre”, escreveu, no X.

Também o Bloco de Esquerda manifestou “o seu pesar e profundo respeito pelo legado de Pepe Mujica”.

“Foi presidente do Uruguai, combateu uma ditadura sanguinária e contribuiu decisivamente para a construção da democracia do seu país. Alargou direitos do trabalho, investiu nos serviços públicos, despenalizou o aborto e combateu todas as formas de discriminação. Fez da vida de camponês a marca do seu desprendimento. Esteve sempre ao lado do progresso e da democracia social”, recordou.

Leia Também: Lula recorda Mujica como pessoa que lutou contra "fim de desigualdades"

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