"A Câmara Especial de Primeira Instância do Supremo Tribunal de Justiça condenou o ex-senador José Ignacio Mesa Betancur pelo crime de conspiração agravada para cometer um crime", anunciou o tribunal, através de um comunicado, esta terça-feira.
Para além da pena de seis anos de prisão, Mesa, do partido Cambio Radical (conservadores liberais), estará também impedido de exercer funções públicas pelo mesmo período, acrescentou o comunicado.
Segundo a investigação, Mesa aderiu à organização paramilitar Autodefesas Unidas da Colômbia, nomeadamente à estrutura conhecida como Oficina de Envigado, para "obter apoio económico e eleitoral para as suas candidaturas a presidente da Câmara de Envigado e ao Senado", a câmara alta do parlamento da Colômbia.
A Oficina de Envigado foi criada por Pablo Escobar e, após a morte do chefe do extinto Cartel de Medellín, em 1993, passou para as mãos de 'Don Berna', pseudónimo do traficante de droga e paramilitar Diego Fernando Murillo.
'Don Berna' foi extraditado para os Estados Unidos em 2008, juntamente com outros 12 antigos dirigentes das Autodefesas Unidas da Colômbia, cuja dissolução, em 2006, deu origem a bandos de traficantes de droga, entre os quais o Clã do Golfo, o principal do país.
Para o Supremo Tribunal de Justiça colombiano, ficou provado que, para "assegurar os seus objetivos eleitorais, o ex-congressista colocou ao serviço da organização ilegal os poderes decorrentes das suas funções enquanto funcionário público, promovendo os interesses e apoiando o projeto de expansão da organização ilegal, que consistia em permear os órgãos do Estado".
A colaboração teve lugar entre 1994 e 2006, quando o contexto de dominação paramilitar prevalecia em Medellín e no Vale de Aburrá, no norte da Colômbia, o que influenciou os candidatos que aspiravam a ocupar cargos eletivos a procurar a bênção da Oficina de Envigado.
As ligações à Oficina de Envigado e aos paramilitares permitiram a Mesa tornar-se presidente da câmara de Envigado (1995-1996), a sul de Medellín, e depois senador, entre 1998 e 2006.
"Como líder político do departamento de Antioquia [norte], não hesitou em aliar-se a grupos armados ilegais e trair o dever que tinha como funcionário público de implementar e cumprir os objetivos essenciais do Estado, que incluíam garantir a coexistência pacífica e uma ordem justa", afirma a sentença.
Leia Também: Petro e Xi discutem adesão da Colômbia à iniciativa Faixa e Rota